Jesus Cristo disse: “Nem todos que me disserem Senhor, Senhor, entrarão no Reino dos céus, e, sim, os que fazem a vontade de meu Pai no céu” – Mateus 7.21.
A respeito da salvação pelas obras, méritos, dignidades não se encontra escrita uma única palavra sequer em parte alguma nas Escrituras. Mas está escrito que Cristo ensina o seguinte: que se creia nEle e que se esteja num estado que tem a Palavra de Deus a seu favor, e que se faça nele o que Ele ordenou. Toma os Dez Mandamentos e vê o que Paulo ensina a respeito de todos os estados com base neles: que os inferiores devem prestar obediência e ser fiéis aos superiores, que se amem e sirvam mutuamente, etc., e que cada qual deve exercer com fidelidade a sua função e ofício. Veja Romanos 13. Aí não encontras nada sobre hierarquia na comunidade e nem sobre vida piedosa reclusa ou roupas como mais santas que as outras, nem a respeito de outros modos de vida religiosa especial como necessárias para alcançar perdão dos pecados, vida e salvação. Se assim fossem que necessidade haveria de Cristo e Seus benefícios. Mas, isto sim: Cristo disse que todo aquele que vive de acordo com isto que Deus ordenou, e que faz a vontade dEle. E Ele mesmo o testemunhou com a Sua. Estes sãos os que têm lugar no céu e não aqueles que abandonaram a Palavra de Deus e que, não obstante, quiseram servir a Deus com grande seriedade e devoção sem amparo na Palavra, a ponto de dizerem duas vezes: “Senhor, Senhor”, enquanto os legítimos servos de Deus dificilmente o dizem uma vez, por causa da sua consciência que necessita, recorrentemente, ser consolada via Palavra e Meios do Evangelho. Pois estes, na aparência de religião e piedade, sempre, são muito mais dedicados e ardorosos em seu serviço a Deus do que os verdadeiros cristãos, que depois de terem feito tudo o que era do seu dever dizem, confessam e não negam, honestamente: somos servos inúteis. Mas porque os primeiros fizeram sua própria vontade, que também procurem outro senhor que os ouça e lhes abra o céu, se é que lhe é possível.
Jesus Cristo, o nosso SENHOR, nos quer ter advertido mais uma vez, que tomemos cuidado e não nos deixemos seduzir por esse tipo religiosidade que apresenta tão grandes e excelentes serviços a Deus – ainda que fizessem milagres, mas que fiquemos com aquilo que Ele chama de bom, de modo que tudo corra e seja feito de acordo com Seu mandamento, ainda que não tenha grande aparência nem agrade à razão, visto que temos a garantia de que nenhum espírito sectário será capaz de ficar nisto, nem poderá ensinar ou produzir um bom fruto, e, sim, somente ideias próprias saídas de sua própria cabeça. Estes são, pois, os primeiros que Cristo rejeita – os que vêm aí e enchem o mundo de cultos autoinovados, conforme profetizou a respeito deles em Mt 24.5,23,24: haverão de vir muitos falsos cristos e profetas e dirão: eis aqui o Cristo! Ei- lo ali!, e seduzirão a muitos. Depois deles vêm outros que não apenas dizem “Senhor, Senhor”, mas que também farão grandes milagres e sinais. É disto que Jesus Cristo, o nosso único, suficiente, indispensável, necessário SENHOR e Salvador fala nos versículos que seguem: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Não expulsamos diabos em teu nome? Não fizemos muitos feitos em teu nome? Então lhes confessarei: jamais vos conheci. Afastai- vos de mim todos, seus malfeitores” – Mt 7.22-23. Ninguém será adentrado no céu porque essa foi, é, continuou a sua expectativa até a sua morte, se para ele se arrepender e crer em Cristo não foi importante.
A separação que ocorre com o chamamento de Jesus ao discipulado da cruz e renúncia, é ainda mais profunda. Porque após a separação entre mundo e Igreja, entre cristãos aparentes e cristãos verdadeiros, ela continua no meio dos discípulos professos, para que fique evidente quem é quem. Não há autoproduzido discípulo de Jesus Cristo.
P. Airton Hermann Loeve.