E no fim, tudo é pó!

Há aproximadamente dois anos meus pais decidiram que queriam ser cremados, ao invés de serem enterrados. Ao redor da mesa, tomando café, diversas brincadeiras sobre o tema surgiram, mas enfim ficou tudo acertado.

E o momento de colocar em prática a decisão chegou. Muito cedo, talvez… No dia 15 de janeiro, com o falecimento de meu pai…

Uma cerimônia confortante, para que ficassem somente as boas lembranças da pessoa querida. Uma mensagem especial para o momento, a oportunidade de parar e pensar o que somos realmente.

Uma semana depois da cerimônia fomos, eu e minha mãe, até a capela do Crematório buscar os restos mortais de meu pai. Trouxemos então a urna com suas cinzas. Como ele não manifestou em vida o que desejava que fizéssemos com elas, decidimos deixá-las, por enquanto, no altar que temos em casa, diante da imagem de Nossa Senhora de Czestochowa, padroeira da Polônia.

Depois de um tempo, observando aquela urna fiquei imaginando o que somos nós…

O que fica após nossa morte? O que podemos levar?

Hoje, temos a cinza de meu pai aqui perto de nós. Mas o que nos conforta não é isso. São as lembranças boas ao seu lado. São os ensinamentos que nos deu. A oportunidade de ter convivido com ele.

Quantas vezes paramos para pensar sobre o nosso fim? Poucas, acredito… Perdemos a maior parte de nossas vidas correndo atrás de coisas menos importantes. Acreditando que se temos isso ou aquilo, se temos determinada posição social, somos melhores que os outros… Ou pior, que podemos humilhar o próximo.

Este 2009 e começo de 2010, que levou tantas pessoas importantes da comunidade, serve para refletir. Aramis Gorniski, as saudades… Mário Hella, não está mais aqui. Coronel Zanin, se foi… Dona Mariquinha, recentemente descansou… E assim, tantos outros nomes importantes na vida de alguém.

Tantas vezes, durante nossa vida, presenciamos situações e conhecemos pessoas que se deixam levar pelo poder, pelo dinheiro, pela posição social.

Esquecem, elas, que nada disso levarão daqui. Quando chegar a sua hora, serão somente pó, nada mais do que isso.

O que foi feito em vida que realmente valeu a pena? O que será lembrando e admirado de suas atitudes?

Filosofia barata a minha? Talvez… Mas não deixa de ser a realidade.

E se cada um pensasse um pouco mais sobre a “filosofia barata” de que não passaremos de cinzas, uns iguais aos outros, talvez tivéssemos mais resultados na política, pessoas mais atuantes na comunidade, menos problemas sociais.

Talvez…

Mas é difícil, talvez impossível a muitos, admitir que um dia serão pó.

-o-o-

“Tu és pó e ao pó ‘reverteres’

Em verdade é só isso que queres

Vem do sol o que queima e as cores

Amanhã o teu pó serão flores

Quando sinto no pescoço um nó

Vem o vento e me sopra, eu sou pó”.

(Pó – Oswaldo Montenegro)

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