Grãos usados no sistema estão em baixa, mas valor da
arroba deveria subir um pouco mais, querem criadores
Brás Henrique – O Estado de São Paulo
Às vésperas de optar ou não por confinar o rebanho, e após um 2009 ruim para o setor, os pecuaristas enfrentam este ano uma situação melhor, pelo menos em relação aos preços dos grãos. O veterinário e pecuarista Paulo Roberto de Toledo Piza, por exemplo, é de Novo Horizonte (SP) e aposta no crescimento mundial do consumo de carne bovina. Ele é consultor de dois grandes pecuaristas, que deverão confinar entre 19 mil e 20 mil bois, em dois turnos, já a partir do dia 15. Apesar de o momento ser propício para comprar grãos, os produtores ainda esperam melhora no preço da arroba.
Segundo Piza, os produtores estão esperançosos de ter um bom ano, mas ainda não discutiram se irão ou não fazer hedge no mercado futuro. Ele acredita que deverão optar pela medida, pois, em 2009, a aposta não foi feita e os produtores tiveram prejuízo. Os dois produtores confinam bois há 15 anos, mas o único lucro em 2009 foi da venda de boi de pasto. A expectativa, porém, é dobrar os bois confinados nos próximos anos. “Antes da crise mundial, o retorno ficava entre 8 e 10%.”
Cotação. Se não fosse a queda do preço da arroba em 2009, o confinamento seria 5 a 10% maior este ano, diz Piza. O pecuarista Fernando Nemi Costa, de Novo Horizonte, confina 2 mil cabeças/ano, num pool de 15 pecuaristas da região que confinam, no total, 60 mil animais/ano. Segundo Costa, os grãos mais baratos tornam viável o confinamento, mas todos estão atentos. “Os anos de 2008 e 2009 foram atípicos. Um foi bom, o outro ruim. Agora estamos vendo o mercado se recuperar, sobretudo exportações”, diz Costa.
“Acredito que a partir de julho os preços devem melhorar”, diz Costa, que vai confinar 2 mil bois a partir de maio. Apesar da expectativa positiva, Costa diz que está aumentando, ano a ano, a venda futura com hedge. Antes fazia hedge de 15% a 20% do rebanho confinado, e agora opta por 70%. “O hedge em 2009 evitou um prejuízo maior”, garante ele, atento às reviravoltas do mercado.
Mario Vinícius Lemos de Almeida é pecuarista em Patos de Minas (MG) e deverá fazer o terceiro ano de confinamento, com 400 cabeças. “Em 2009, quem não teve produtividade levou prejuízo dobrado; no meu caso deu para empatar”, diz Almeida. Por isso, está mais cauteloso e ainda não definiu se irá confinar. “Não gosto de confinar bois abaixo de 13 arrobas”, diz ele, que optará ou não pelo sistema em até 60 dias.