Falar bem alguns idiomas é uma questão de sobrevivência em uma viagem como essa. Meu árabe é absolutamente precário. Com ele consigo a proeza de cumprimentar as pessoas, pedir comida de forma genérica (quibe, sfiha, tabule e outras coisas que vocês também sabem), café, chá e pão e, muito importante, peço para ir ao banheiro. Muito bem! Bom, isso vocês também sabem, porque o termo usado atualmente vem do francês, Toalete. Sei também dizer “É muito caro!”, frase de grande utilidade na hora de pechinchar uma compra. E, mais ou menos, só isso! Ainda bem que nosso grupo é poliglota. Meus pais e irmãos falam bem o árabe, com especial destaque para a mãe e o Elias (Junior). A Miramar domina também o italiano. A Lucimar o inglês e minha cunhada Arlete, o francês. Parecia tudo dominado! Mas, não é bem assim! Em nossa chegada a Beirute passamos por um episódio incomum. Feito o check-in no hotel, cada um pegou os cartões magnéticos de acesso aos apartamentos e nos dirigimos com grande satisfação aos mesmos. Afinal, foram muitas horas de viagem, conexões, fuso horário etc. Banho e cama era nosso sonho de consumo! Porém, ouvimos no corredor um burburinho conhecido. O cartão de nossos pais desmagnetizou e não abria a porta. O pai tentava falar com a camareira que apareceu por ali na hora. Falava, falava e NADA! Todos correram em seu auxilio, até eu, com meu razoável espanhol, tentei me comunicar e NADA! Depois de um tempo de infrutíferas tentativas em árabe, francês, inglês, italiano, espanhol e português (uma língua deveras exótica para o local), já irritado, o pai pergunta à moça: – Mas, afinal que língua você fala? A moça sorriu e foi embora. Na recepção descobrimos, a camareira era do Sri Lanka! Até mesmo eles se comunicam com ela por gestos!
Como dizemos por ai: Assim é pra acaba com o caboclo!
Hoje no Líbano (já há algum tempo na verdade), com um bom francês e inglês, a pessoa consegue se comunicar bem! É só não encontrar pela frente uma camareira do Sri Lanka!