TROTES: ALGUÉM FAÇA ALGUMA COISA!

Minha mãe – obstinada colecionadora de máximas e ditados – frente a transbordamentos sempre dizia: “ tudo tem limites ”. Até mesmo a liberdade que nos oferece ideia de horizontes infindos, na prática, tem que ser assistida pelo bom senso. Para melhor ilustrar o “ tudo tem limites” acima enunciado, vejamos, por exemplo, os denominados trotes que antecedem o ingresso dos novos em quaisquer entidades, mormente nas escolas de ensino superior. Após os jornais anunciarem os nomes dos galardoados neste e naquele curso, não há manifestação maior e mais salutar que o trote para extravasar alegria e emoldurar a vitória de cada um. E, tudo seria tão bom, não fora, na maioria das vezes e de modo sub-reptício, a intrusão de gente mal intencionada nas comissões de festejos. Gente que vai, textualmente, bagunçar o coreto, trocando tanta brincadeira sã, pela conspurcação, pelo causar de sofrimentos, pela agressão e por todo o tipo de brutalidade. É triste, mas acontece com assustadora freqüência. Em determinada ocasião, entre pasmo e nauseado, coube –me assistir a um trote, onde safardanas, bandidos de pior espécie, misturaram cal viva em água e deram banho nos calouros. Houve quem baixou a hospital com queimaduras, seqüelas posteriores e traumas para não esquecer jamais. Isso é crime. É abuso da liberdade em grau extremo. Entretanto, quase ninguém é apenado por essas coisas. A vida continua e os trotes, conforme quem os ministra, prosseguem: ou, como deveriam ser, engalanando festas, ou propiciando cenas, as mais aviltantes . Todos nós, a família brasileira, somos partidários do trote; evidentemente, sem violência. Mas as malditas infiltração e influência de maus indivíduos, é tão ardilosamente trabalhada, que tudo permanece como dantes, no quartel de Abrantes.

Neste final de ano, oportunidade em que o espocar de vestibulares se manifesta em todos os cantos do país, e os calouros até anseiam pela participação nos trotes, – alguém, por amor de Deus, faça algo para que o ambiente de êxito dos nossos estudantes não se transforme em câmara de torturas e palco de execração.

Humilhação, não fica bem aos vencidos. Muito menos para os vencedores!

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