Você escolhe como vê as pessoas

Talvez uma das maiores dificuldades que o ser humano enfrenta diariamente está na forma como se relaciona com seus semelhantes. Essa dificuldade se reflete dentro de casa, na rua, no trabalho, nos locais de lazer… Enfim, onde quer que existam pessoas, ela estará presente.

Mas, geralmente não paramos para pensar que somos nós que escolhemos como ver as pessoas.

Muitas vezes nos decepcionamos com pessoas, instituições… Isso porque esperamos delas algo que não puderam, não quiseram ou nem imaginam que devam atingir. São as nossas expectativas, não as dos outros, que nos frustram.

E assim é. Esperamos que lideranças, dentro da igreja que freqüentamos, sejam exemplos de humildade, de serviço. E, por muitas vezes não o são. Esperamos que líderes políticos sejam exemplos de trabalho pela comunidade, pelo bem comum. E raramente o são. Esperamos que nossos amigos sejam leais. Grande parte não são, ou não são nem mesmo nossos amigos.

São as nossas expectativas que se frustram. E é aí que está a questão: nós escolhemos como ver as pessoas.

Certo dia, frustrada com determinadas situações, estava conversando com o Renato Gurski. Questionava o fato de existirem tantas pessoas que estão onde estão somente por uma busca de destaque social, deixando de lado o real objetivo da função, do cargo, do trabalho enfim.

E ele me lembrou da parábola bíblica do joio e do trigo. Eles crescem juntos, não há como separá-los, somente Deus poderá fazer este julgamento. Uma ótima interpretação que pode ser aplicada ao cotidiano.

E, saber exatamente quem é “joio”, quem é “trigo”, não compete a nós. Isso irá depender de como enxergamos a situação.

Outra história ilustra bem a forma como encaramos as coisas. Claudio e Tereza (nomes fictícios) moram na mesma cidade e se conheceram virtualmente, mas logo surgiu uma afinidade e proximidade, acabam marcando um encontro. Saem juntos pela primeira vez, vão jantar fora. Ele está bem disposto a se divertir um pouco e claro proporcionar um encontro divertido à sua companheira.

No restaurante ela deixa cair um pouco de molho no colo e Claudio, prestativo diz:

– Espere um momento que vou lhe ajudar. Isso não foi nada.

Superam o pequeno desastre, terminam o jantar e ele a leva para casa dela. Ao se despedirem, ela diz:

– Esqueci a chave de casa sobre a mesa do restaurante, quando fui pegar um lenço para limpar o molho.

Ele responde.

– Ah, não se preocupe, isso também acontece comigo às vezes, de esquecer as chaves, carteira. Enfim, voltaremos lá para resolver este pequeno probleminha.

Passaram-se três anos, Tereza e o marido Cláudio vão jantar fora. Durante o jantar ela derruba um pouco de molho em seu colo. Ele diz:

– Mas que desastrada você é.

Ao retornarem para casa Tereza havia esquecido as chaves de casa sobre a mesa do restaurante, durante o desastre do molho. Claudio diz pra ela:

– Mas você é uma cabecinha de vento mesmo.

Agora analise você: Estas foram as mesmas pessoas, nas mesmas circunstâncias, com atitudes tão diferentes. Percebeu como cada um escolhe como ver o outro?

Se você quer gostar de alguém, consegue ser tolerante, ver as qualidades, mas se quer sentir-se irritado com as pessoas, simplesmente concentra-se em seus defeitos e suas falhas.

Perceba bem, que não é o comportamento do outro que determina o que você sente por ela, mas a sua atitude. Infelizmente, passamos mais tempo pensando no que há de errado do que pensando no que está certo.

Este exemplo de um relacionamento conjugal exemplifica coisas que acontecem no dia a dia em ambientes de trabalho ou simples contatos sociais. Como é difícil vermos os outros pelos nossos próprios olhos, pelas nossas expectativas?

No entanto, mudar a forma de perceber os comportamentos não precisa se tornar, necessariamente, uma pessoa que aceite tudo. É somente mudar a forma de encarar os fatos.

Que tal mudar o seu olhar neste final de ano? Começar 2011 com outros olhos?

-o-o-

“Tudo o que você diz fala de você. Principalmente quando fala do outro”. (Paul Valéry)

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