Saúde apura irregularidades no Hospital Regional da Lapa

O secretário da Saúde, Michele Caputo Neto, instituiu, através da resolução 0207/2011, comissão de sindicância para verificar denúncias de irregularidades no Hospital Regional São Sebastião, do município da Lapa. A comissão deverá apurar responsabilidades sobre obras e serviços não finalizados e a divulgação equivocada à população sobre esses serviços. A resolução também foi encaminhada ao Ministério Público e ao Conselho Estadual de Saúde para conhecimento.

“O governo anterior construiu um centro cirúrgico e o inaugurou sem que tivesse condições de funcionamento, além de prometer atendimento à população que está fora de seu foco de atuação”, afirma Caputo Neto. “O hospital da Lapa é referência estadual para tisiologia (tratamento de tuberculose) e não se caracteriza como hospital geral”, completa.

O Governo do Estado investiu R$ 2,6 milhões em duas salas de cirurgias e 11 leitos pós-cirúrgicos. O novo centro foi inaugurado em 29 de dezembro de 2010, mas não foi prevista a contratação de profissional anestesista para o quadro de servidores, o que inviabiliza a realização de cirurgias.

Outro ponto a ser levantado é a deficiência da rede elétrica do hospital. Um laudo preliminar da Copel indica que deve ser feita ampla reforma no sistema elétrico, porque a rede cai constantemente. Além disso, o hospital não tem rede de esgoto nem projeto de prevenção de incêndios, o que inviabilizaria a licença para funcionamento do novo centro cirúrgico. No entanto, o município cedeu a licença, apesar da ausência do certificado do Corpo de Bombeiros.

TISIOLOGIA

Desde 1927, o Hospital da Lapa trata tuberculose e é a única referência estadual para a tisiologia. São atendidos pacientes tuberculosos com agravos associados (outras doenças), condições sociais desfavoráveis (drogaditos, alcoolistas e moradores de rua), esquema especial de tratamento e tuberculose resistente. Nos últimos cinco anos, o Paraná registrou 15 mil casos de tuberculose, com uma média de 2.449 casos novos por ano. Destes, cerca de 13% têm associação com o vírus HIV.

O abandono de tratamento é um dos problemas mais sérios (em torno de 9%), concentrando-se em pacientes com difícil adesão, como os moradores em situação de rua (que necessitam internamento até o término do tratamento).

Outro dado importante sobre tuberculose é a emergência de casos resistentes às drogas, devido principalmente à elevada taxa de abandono de tratamento. “Isto obriga o atendimento do paciente mediante internamento por, pelo menos, seis meses com esquema especial de tratamento, incluindo medicação injetável”, diz Sezifredo Paz, superintendente de Vigilância em Saúde da secretaria.

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DA REDAÇÃO

É lamentável perceber o descaso do Governo com a Saúde Pública. A gestão anterior do Governo Estadual pretendia transformar o Hospital São Sebastião em Regional, o que beneficiaria não somente os lapeanos, mas todos os demais municípios em torno. Seria uma forma de fazer uso de uma grande estrutura já existente, efetivando o direito da população ao seu direito mais básico: a saúde.

Por problemas burocráticos ou, quem sabe, falta de vontade política, prefere-se a comodidade da argumentação de que o Hospital é referência em tuberculose e deve-se voltar para atendimento de tal doença. Realmente é referência. No entanto, a estrutura poderia e deveria ser melhor aproveitada. Desculpas, existem muitas, como, por exemplo, o fato de não se poder colocar em local tão próximo tuberculosos e pessoas saudáveis ou com saúde debilitada. Será mesmo? Apresentando-se documentos científicos a respeito, talvez se possa afirmar tal fato. Mas, leitor, a Tribuna já publicou matéria a respeito da doença e trouxe informações afirmando (por depoimentos de médicos que atuam na área) que, mesmo você que não tem contato com o tuberculoso, tem chances de adquirir a doença. Os pacientes que estão internados representam menos risco do que você, que circula diariamente pelas ruas, pelo fato de já estarem em tratamento!

O custo de manutenção de um hospital é proveniente dos impostos pagos pela população e os recursos deveriam ser revertidos à ela.

Agora, a população está à mercê do Governo atual, que tem outras prioridades. Quem sofre, como sempre, é o povo, que não vê continuidade nas políticas públicas. E, muito menos, percebe seus interesses serem atendidos.

Onde procurar socorro? No município, que está com a saúde sucateada? No Estado, mas tendo que recorrer a outro município da região? Nas entrelinhas, um jogo de “empurra empurra” de responsabilidades. Ninguém, nem Estado nem Município, quer assumir a criança que, infelizmente, está entrando em falência múltipla de órgãos.

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