Sociedade se organiza para exigir melhorias no São Sebastião

Por conta do fechamento da ala pediátrica e da clínica médica e, também, da notícia de que os equipamentos do centro cirúrgico seriam retirados do São Sebastião, sem nem ao menos uma expectativa de solução para os problemas apontados pela Secretaria Estadual de Saúde, realizou-se uma Audiência Pública na segunda-feira, dia 29 de agosto, na Câmara Municipal da Lapa.

Sociedade se organiza para exigir melhorias no São Sebastião

Os participantes se manifestaram, demonstrando sua indignação a respeito da falta de continuidade do investimento em saúde por parte do Governo Estadual. Foi citado o fato de o Estado ter investido milhões no Hospital e agora, simplesmente, fechar alas e deixar de dar continuidade ao centro cirúrgico. Foi questionado também o fato de políticos da região se aproveitarem da situação e encaminharem os pacientes para hospitais de outros municípios, se tornando alvo fácil em outras eleições.

Interessados em tomar atitude para que a situação seja solucionada os presentes questionaram o Promotor de Justiça da Comarca da Lapa, Dr. Felipe Lamarão de Paula Soares, a respeito dos meios legais de se exigir atitudes do Governo do Estado. Ele explicou que não existem meios legais para se obrigar o governo a agir. Segundo Dr. Felipe, a única forma seria a manifestação popular, através de pressão política.

Em seguida, o Presidente da Associação de Moradores de Mariental, José Augusto Hammerschmidt, se manifestou sobre a participação da população, dizendo que “considera esta situação um retrocesso grande”. “Dizer que o Hospital deve ser só para tuberculosos é uma falácia, pois não temos tantos tuberculosos. Seria a referência estadual, mas com sacrifício do povo lapeano”, completou José Augusto.

Já Leila Klenk sugeriu que se realize um levantamento epidemiológico completo do município para se apresentar ao governo do Estado.

Finalizando as discussões, a Presidente do Conselho Municipal de Saúde, Semíramis, trouxe as ações que devem ser tomadas por toda a comunidade para buscar pressionar o governo do Estado a cumprir a sua obrigação de oferecer atendimento de saúde à população. Ficou decidido, então, que será feito contato com todas as entidades representativas da sociedade, para que se mobilizem e participem de Audiência Pública agendada para o dia 19 de setembro, segunda-feira, às 18h, na Escola Municipal Dr. Manoel Pedro.

MOBILIZAÇÃO

Portanto, você, cidadão lapeano está convidado a se mobilizar, procurar o líder de seu bairro, de sua localidade, e demonstrar, por meio de abaixo assinado, a sua vontade: para que o Hospital Regional da Lapa seja, efetivamente, de atendimento Regional, dando atendimento adequado à saúde e que a população não necessite, ou necessite o mínimo possível, seguir viagem a Curitiba, Campo Largo ou qualquer outro município com mais estrutura em saúde.

E você líder, seja da comunidade, seja de Pastoral, de Movimentos, de Igrejas Evangélicas, OAB, Sindicatos, Conselho Regional de Contabilidade, Associação Comercial, Associações de Moradores e de Bairros, Associação de Pais e Mestres das Escolas Municipais e Estaduais, Grupos Estudantis dentro dos Colégios, enfim, toda a sociedade, deve se manifestar.

Não se trata de direito de um ou de outro, mas de todos que, um dia ou outro irão precisar do atendimento do SUS na Lapa e região.

SAÚDE

Informações desencontradas geram dúvidas na população

Governo do Estado volta atrás e anuncia conclusão de obras, mas não garante prazo e nem anuncia o que vai ser feito

Na semana passada a Agência Estadual de Notícias, agência de notícias do Governo Estadual, divulgou que o Secretário Estadual de Saúde, Michele Caputo Neto, instituiu comissão de sindicância para verificar denúncias de irregularidades no Hospital Regional da Lapa São Sebastião. A comissão deve apurar, segundo a agência, responsabilidades sobre obras e serviços não finalizados e a divulgação equivocada à população sobre esses serviços. A resolução também foi encaminhada ao Ministério Público e ao Conselho Estadual de Saúde para conhecimento.

“O governo anterior construiu um centro cirúrgico e o inaugurou sem que tivesse condições de funcionamento, além de prometer atendimento à população que está fora de seu foco de atuação”, afirma Caputo Neto. “O hospital da Lapa é referência estadual para tisiologia (tratamento de tuberculose) e não se caracteriza como hospital geral”, completa.

O Governo do Estado investiu R$ 2,6 milhões em duas salas de cirurgias e 11 leitos pós-cirúrgicos. O novo centro foi inaugurado em 29 de dezembro de 2010, mas não foi prevista a contratação de profissional anestesista para o quadro de servidores, o que inviabilizaria a realização de cirurgias.

Outro ponto citado pela agência é a deficiência da rede elétrica do hospital. Um laudo preliminar da Copel indica que deve ser feita ampla reforma no sistema elétrico. Além disso, o hospital não tem rede de esgoto nem projeto de prevenção de incêndios, o que inviabilizaria a licença para funcionamento do novo centro cirúrgico.

No São Sebastião, a reforma da ala que trata pessoas com tuberculose obrigou que o espaço da pediatria fosse usada para levar os pacientes adultos, deixando as crianças desassistidas.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse, em entrevista à RPC TV no dia 25 de agosto, que não pretende reabrir a ala de internamento infantil, nem colocar o centro cirúrgico para funcionar.

Já no telejornal Bom Dia Paraná, em entrevista no dia 30 de agosto, o Secretário Estadual de Saúde, Michele Caputo Neto, afirmou quando questionado se o centro cirúrgico voltaria a funcionar: “Com certeza, só que nós precisamos fazer essa concertação toda”.

O problema é que a Secretaria Estadual de Saúde não deu prazos para voltar a atender a pediatria, a clínica médica e nem mesmo dar continuidade às obras necessárias para o funcionamento do Centro Cirúrgico.

Em nota, a Secretaria afirmou que o Centro Cirúrgico voltará a funcionar “assim que houver orçamento e planejamento para isso”. Ou seja, não há prazo nem definição.

OS PROBLEMAS

Antes da divulgação desta notícia, o SindSaúde havia divulgado em seu jornal, edição especial Lapa, no mês de agosto, várias irregularidades e questionava: Quando o espaço do Hospital será utilizado de forma racional? A partir de quando o hospital vai atender a necessidade do processo de saúde e doença da população da região? Quando teremos um hospital adequado que desafogue as estradas com ambulâncias que superlotam os serviços de saúde da capital? Quando o usuário do SUS poderá contar com atendimento mais próximo de sua residência?

A gestão anterior do Governo Estadual pretendia oferecer atendimento à população da Lapa e região como hospital geral, atendendo clínica médica, clínica pediátrica e possuindo centro cirúrgico. Seria uma forma de fazer uso de uma grande estrutura já existente, efetivando o direito da população ao seu direito mais básico: a saúde.

A estrutura do São Sebastião poderia e deveria ser melhor aproveitada, sem ser necessário, no entanto, deixar de atender os pacientes de tuberculose. Isto já estava sendo feito até dezembro de 2010.

Em 2011, a clínica médica deixou de prestar atendimento à população, assim como o atendimento à pediatria. Estes fatos prejudicaram ainda mais o atendimento à população. Agora, os lapeanos estão totalmente à mercê de um atendimento em saúde em outros municípios.

A sociedade organizada precisa se manifestar e cobrar ação dos governantes. Somente através da mobilização popular conseguiremos resultados para nossa saúde.

DIREITO DE RESPOSTA

Descaso com a saúde na Lapa

A administração municipal, através da Secretaria de Saúde, presta esclarecimentos em relação à matéria publicada na edição 1660, intitulada “Descaso com a saúde na Lapa”. Informa aos leitores que os serviços de saúde são realizados por muitos profissionais, em várias unidades de saúde e que os atendimentos realizados de forma individual ocorrem entre o paciente e o profissional. Portanto, não há maneira técnica de monitoramento para avaliação desse atendimento.

Para isso, o município disponibiliza o serviço de ouvidoria através do telefone 3547-8043, com Valéria Missau, que recebe todas as reclamações dos usuários do SUS e, após avaliação unilateral e apuração dos fatos geradores das denúncias, retorna ao reclamante a medida tomada.

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