A escolha correta do material genético e espécie em reflorestamentos

Nestes poucos dias de meu retorno para a região da Lapa percebi que a eucaliptocultura é pouco conhecida em sua grande variedade. Digo isso porque quando converso com algumas pessoas – alguns até técnicos – percebo que todos classificam “eucalipto” como uma única coisa, sem variedades, sem diferenças entre um e outro, enfim, tudo igual. E a coisa está bem longe de ser assim.

 

Existem mais de mil espécies diferentes de eucalipto, e muito mais que isso se considerarmos os híbridos e variedades melhoradas existentes.

 

Só para ter uma idéia, se trabalharmos apenas com a espécie mais plantada aqui no sul, o Eucalyptus dunni, a diferença de crescimento se comprarmos sementes comuns e de pomares de sementes melhoradas é brutal. Para referencia, a média de produção para o sul deve estar próxima a 45 m3/há/ano. Ou seja, para cada ano que você deixe o reflorestamento crescer, terá 45 m3 a mais para cada hectare plantado.

 

Existem relatos de eucaliptos melhorados, como o que citei acima, que chegaram a produzir 60 m3/há/ano. Por outro lado, já fiz avaliações em povoamentos que o crescimento não passou de 20 m3/há/ano. E isso dentro de uma única espécie de eucalipto.

 

Por isso o primeiro cuidado de quem vai plantar eucalipto sempre deve ser a procedência das sementes. Existem Brasil afora várias instituições que trabalham com o melhoramento de eucalipto, e cada uma tem seu grau de melhoria. Não preciso falar que quanto melhor a semente, normalmente mais cara será a muda. Normalmente. Só que o custo sempre compensa no final. Ainda, no ato da compra da muda, o viveirista deve obrigatoriamente detalhar na nota fiscal a origem desta semente, o que funciona como uma espécie de pedigree para o eucalipto, garantindo sua qualidade.

 

Outro cuidado que deve ser tomado é a escolha da espécie a ser plantada. Como existe grande número de espécies, é lógico entender que existem diferenças entre elas. Para a região da Lapa as mais indicadas pela questão do clima frio seriam o E. dunni, que inclusive é o mais plantado em todo o sul do Brasil, pois tem boa aceitação para o mercado de celulose e serraria, o E. camaldulensis, que é ótimo para mourões, vigas e construções, o E. benthamii, que está se tornando uma febre entre agricultores em várias regiões, mas pouco se sabe ainda da qualidade da sua madeira, o E. saligna também é uma boa opção, com madeira semelhante ao dunni porém maior crescimento e menor resistência à geadas, o E. viminallis, que tem um crescimento inferior aos outros – motivo pelo qual quase não é mais plantado, porém uma densidade de madeira muito maior, sendo adequado por exemplo para palanques de cerca, o E. urophylla  que produz uma madeira macia e maleável para serraria e móveis, e claro, os híbridos de tudo isto que citei, que tem o objetivo de adequar duas qualidades diferentes de espécies diferentes.

 

Essa grande variedade de espécies e híbridos possíveis de serem usados faz com que cada vez mais seja interessante o produtor pesquisar sobre o tema e principalmente, planejar seu reflorestamento.

 

Dartagnan Gorniski é Engenheiro Florestal e empresário, proprietário da Flora Monte Claro.

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