8 de maio de 1945, o Dia da Vitória

Lamentavelmente as datas comemorativas, quer sejam cívicas ou religiosas, são lembradas meramente como feriados, dias sem aula ou trabalho. O real sentido dessas ocasiões é, no entanto, muito maior.

Assim ocorre com uma data quase esquecida, passados 69 anos de sua instituição. Uma data marcante para todo mundo e que sinalizou o final do mais sangrento conflito da história da humanidade. O 8 de maio de 1945 foi batizado como Dia da Vitória, materializando o ocaso do Nazismo, derrotado após 6 anos de lutas entre os Aliados e o Eixo.

Naquele distante dia de primavera no hemisfério norte, as ruas de Londres foram tomadas por multidões celebrando o fim da 2ª Guerra Mundial na Europa. O mesmo acontecia nas cidades dos Estados Unidos, da França, do Brasil, da União Soviética e de outros países envolvidos no conflito.

A Guerra, que ceifaria 60 milhões de almas, entre combatentes e civis, ainda não havia terminado, prosseguindo por mais três meses em uma luta insana travada pelo Império Japonês, no Oriente.

Mas por que, passados tantos anos, ainda é necessário lembrar essa data e o que se pode apreender a respeito disso?  Conhecer o passado é a chave para compreender o presente e construir o futuro. O Dia da Vitória marca, na verdade, muito mais que meramente um sucesso militar.

O contexto histórico daquela época era distinto da atualidade. Ao longo da década de 1930 concepções políticas fortes e totalitárias, de direita e de esquerda, se espalharam pela Europa, Ásia e até mesmo no Brasil. Dessa forma, o socialismo se expandia e, em contrapartida, surgia o Nazismo alemão, o Fascismo italiano, o Franquismo espanhol, o Salazarismo português e o Integralismo brasileiro. A democracia gradualmente perdia espaço na primeira metade do século XX.

O expansionismo alemão mergulhou, inicialmente, a Europa e depois o mundo em um confronto sem precedentes. A 2ª Grande Guerra foi deflagrada em 1939, após a invasão alemã na Polônia, seguida da Dinamarca, Noruega, França, Bélgica, etc… De um lado os países do Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Em oposição os Aliados: Reino Unido, França, União Soviética, Estados Unidos, Brasil, dentre outros.

O esforço de guerra foi imenso. A quantidade de vidas perdidas foi a maior da História. O número de civis mortos no conflito foi maior que o de combatentes. O conceito de Guerra Total atingiu seu ápice. As cidades não foram poupadas. Londres foi bombardeada insistentemente. Colônia e Stalingrado, dente outras, foram praticamente destruídas. Os prejuízos materiais foram incalculáveis. Os tenebrosos campos de concentração compuseram uma imagem contundente do conflito. Morte, fome, miséria e destruição: eis o retrato da guerra.

O Brasil participou ativamente do esforço aliado. Após o covarde torpedeamento de navios mercantes brasileiros, alguns em águas territoriais nacionais, por submarinos alemães, causando mais de 1.000 mortes, a Força Expedicionária Brasileira foi organizada e enviada para combater na frente italiana. Cerca de 25.000 brasileiros, oriundos de um país eminentemente agrícola, pobre e carente saíram dos seus lares e foram combater um inimigo calejado e aguerrido. Enfrentaram e superaram as adversidades e um clima adverso. Pela primeira vez na História uma força Sul-Americana lutava uma guerra no Velho Continente. E, além disso, escreveria páginas de glória, de bravura e de superação, dignas de orgulhar todos os brasileiros.

De tudo isso, o que cabe refletir a respeito daquele distante 8 de maio de 1945 é que a humanidade deu uma basta à tirania, à loucura totalitária e ao extermínio racial. A democracia, com seus defeitos e qualidades, firmou-se como o regime mais igualitário, principalmente no mundo ocidental.

A Força Expedicionária Brasileira teve 443 mortos e cerca de 3.000 feridos nas ações em que tomou parte. Para nós, brasileiros, o Dia da Vitória, que é lembrado por uma minoria, serve para não esquecermos que cerca de 25.000 homens ombrearam os Exércitos Aliados e enfrentaram toda sorte de dificuldades. Esses homens lutaram contra a intolerância, contra a opressão, contra o totalitarismo escravista e a discriminação racial.

Devemos a esses homens a vitória da liberdade, da democracia e da paz, conquistada e embebida em sangue de bravos brasileiros, que defenderam nossa honra e soberania com sua coragem, seus valores e seu patriotismo. Por isso tudo, sempre que tiver a honra de encontrar um dos dois Expedicionários lapeanos ainda vivos, Sr Walter Weiss e Sr Wandelino Graff, olhe bem nos olhos desses senhores idosos e diga-lhes “muito obrigado”. Eles certamente saberão do que você está falando.

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