Dados estatísticos e percepção da população demonstram a necessidade urgente de busca por soluções no trânsito lapeano – municipalizar é o caminho.
Estatísticas divulgadas pelo DETRAN/PR dão conta de que, somente em 2013, o município da Lapa registrou 152 acidentes de trânsito em vias municipais. Desse total, 69 tiveram vítimas em ocorrências envolvendo colisões ou atropelamentos.
Mas, qual é a causa de tantos acidentes em um município, considerado, ainda, por muitos, tranquilo e pequeno? Engana-se quem pensa que a explicação para tal índice se deve somente ao tamanho da frota lapeana: 21.727 veículos em 2013 (segundo o DETRAN), para uma população estimada em 47.023 pessoas no mesmo ano (segundo o IBGE).
Há meses a Tribuna vem cobrando do poder público municipal que se coloque em prática a municipalização do trânsito na Lapa. O motivo não é somente estudar e organizar o tráfego nas vias municipais. A municipalização do trânsito é muito mais abrangente, atendendo, inclusive, a necessidade de educação “para” e “no” trânsito.
Ainda citando dados divulgados pelo DETRAN/PR, agora em relação ao índice de aprovação dos motoristas em exames teóricos e práticos para emissão da carteira de habilitação em 2013, tem-se a seguinte estatística: foram realizados, naquele ano, 1.984 provas teóricas, sendo que, nestas, houve reprovação de 50,15% dos condutores, ou seja, 995 reprovados; quanto às provas práticas, foram realizados 2.473 exames, tendo como índice de reprovação 32,67%, ou seja, 808 reprovados.
Podem não ser números tão alarmantes quando se faz comparação a outros tantos municípios, que apresentam estatísticas semelhantes. No entanto, os dados demonstram que é preciso atenção e urgência na busca de soluções, de atitudes preventivas. Afinal, o município está crescendo, tanto em frota como em população – e espera-se que o seu desenvolvimento econômico ande junto. Por isso, a urgência de tomadas de providências quanto ao assunto.
NA PRÁTICA
Observando o trânsito na Lapa não é difícil notar problemas. Seja em relação a sinalização, seja em relação à educação dos motoristas. A municipalização do trânsito irá auxiliar a minimizar estas situações, afinal, o trânsito é vivo e sempre está mudando, demonstrando novas necessidades.
Mas, quanto aos problemas encontrados no município, pode ser citada a falta de respeito à sinalização do trânsito, como, por exemplo, às placas de proibido estacionar, sentido proibido de tráfego e respeito aos pedestres.
Na Rua Joaquim Linhares de Lacerda há placas indicativas de “proibido parar e estacionar” (a letra “E” com dois traços sobre ela). No entanto, os motoristas não respeitam a indicação.
Em diversas esquinas do município motoristas enfrentam dificuldades para atravessar a via por falta de visão de tráfego, causada por veículos estacionados muito próximos ao cruzamento das ruas. É o que vem acontecendo no cruzamento da Rua Barão do Rio Branco, quando acaba o sentido único, na esquina do Clube União. A partir dali, sentido Quartel, a rua passa a ter sentido duplo. Então, os motoristas que seguem sentido Condor – Capela Mortuária, ou contrário, cruzando a Barão do Rio Branco, verificam a dificuldade em visualizar o tráfego de veículos sentido Quartel – União. Qual seria a solução? Uma sugestão seria implantar estacionamentos de motocicletas em esquinas com problemas semelhantes. Assim, ao invés de veículos maiores utilizarem o espaço, as motos teriam a vez, facilitando a visão dos demais condutores que desejam cruzar aquela via.
Outro problema encontrado está na Avenida Aloísio Leoni, esquina com Avenida Tancredo Neves. Ali há uma faixa elevada, mistura de lombada na elevação e descida, com faixa de pedestre, pois possui a central plana.
Sua finalidade é permitir que o pedestre não necessite mudar o nível que se encontra, o que facilita a mobilidade de pessoas com restrições físicas, crianças, idosos e cadeirantes pois ao invés de ter que descer ao nível da pista e depois retornar ao da calçada é o veículo que se vê obrigado a diminuir a velocidade pelo obstáculo que é colocado a sua frente.
Mas, mesmo com essa faixa elevada, muitos motoristas não diminuem a velocidade, causando perigo aos pedestres que pretendem utilizar o seu direito de ir e vir no local.
Quanto ao assunto, o Conselho Nacional do Trânsito (Contran) aprovou recentemente a resolução 495/2014, que estabelece critérios e padrões para a instalação destas faixas. Elas não podem ser instaladas em qualquer local, sendo que um dos critérios de implantação se refere ao fato de que este instrumento deve ser utilizado em trechos de vias com velocidade máxima permitida de 40 Km/h. Este ponto, previsto na resolução, inviabiliza, portanto, a instalação em vias estruturais, com velocidade máxima de 60 Km/h.
Outros principais pontos previstos na resolução são: a implantação só pode ocorrer em vias dotadas de calçadas para travessia de pedestres; a implantação de faixa elevada para travessia de pedestres deve ser acompanhada da devida sinalização; e o órgão de trânsito deve adotar as providências necessárias para remoção ou adequação da faixa elevada para travessia de pedestres que estiver em desacordo com o que determinado esta Resolução, no prazo de 360 dias após a publicação, que ocorreu em 5 de junho.
Estes são apenas alguns problemas encontrados no trânsito lapeano. Como, com certeza, há outros a serem discutidos, fica evidente a necessidade da municipalização do trânsito na Lapa. É preciso efetivar esta ação para que se tome providências adequadas, melhorando o tráfego no município.