IHCL entre Comenda Tropeiro da Lapa a Suzana Gorniski

Na manhã de sábado, 13 de setembro, o Instituto Histórico e Cultural da Lapa (IHCL) realizou, no Theatro São João, a solenidade de entrega da “Comenda Tropeiro da Lapa” à Suzana Maria Reichert Gorniski, presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária da Lapa (ACIAL). A homenagem é destinada a pessoas que contribuem com o desenvolvimento local, com trabalho relevante em prol da comunidade e sociedade lapeana.

A ação do Instituto, presidido por Maria Inês Pierin Borges da Silveira, já homenageou diversos empresários em diferentes áreas, entre eles Francisco Cunha Pereira, ex-presidente da RPC TV e da Gazeta do Povo; Dieter Brepol, presidente do Lar Lapeano de Saúde – Lapinha SPA; Emanoel Bosch, presidente da empresa Bosch; Alípio Leal, ex-Reitor da UFPR; e Darci Piana, presidente da Fecomércio-PR.

SUZANA GORNISKI

Nascida em Criciumal, Rio Grande do Sul, Suzana, ainda criança, mudou-se para o município de Marechal Cândido Rondon, no Paraná. Ali, viu seus pais auxiliarem a desbravar o oeste do Estado. Mais tarde, na década de 1970, junto de seu marido Aramis Gorniski, veio a residir na Lapa, onde passou a se envolver com a comunidade e a diversos projetos sociais.

Amigos, familiares e autoridades lotaram o Theatro São João para prestigiar a primeira mulher a assumir a presidência da ACIAL. Suzana, entre as diversas atividades em que atuou, trabalhou por muitos anos com confecção, ajudando Aramis na Associação do Pequeno Trabalhador, na Câmara Júnior, na Braspol – comunidade Brasileiro Polonesa, sendo por duas vezes Diretora Municipal de Indústria e Comércio, atuando no Clube das Formiguinhas, participando do Coral São Benedito e Pastoral Carcerária.

Em seu discurso, afirmou ter sido uma grande surpresa ter sido escolhida para receber a Comenda no ano de 2014. “Parei por um instante e foi me passando um filme da minha vida, nestes 37 anos vividos aqui  na Lapa”, relata a homenageada.

Ela conta que, quando chegou ao município, junto de Aramis, era uma jovem tímida. “Meu esposo aos poucos foi me envolvendo com a comunidade e me encorajando para participar, formando grandes amigos”, relata Suzana, que segui o do esposo, um idealista que lutava para melhorar a Lapa. “Através de suas lutas, ele conseguiu muitas coisas. Outras não. Mas, é assim, nem tudo podemos mudar”, conta.

“Acho que quando você se doa com o coração, você recebe muito mais que dá. Em nossa trajetória de vida na Lapa passamos por muitas alegrias, realizações, mas também tivemos grandes dificuldades de saúde e financeiras, mas sempre recebemos grande apoio, coragem para continuar a luta, muitas vezes até apoio financeiro. Sempre digo que mesmo trabalhando pela comunidade até os últimos dias da minha vida não pagarei tudo o que minha família recebeu”, conta Suzana.

Em seu discurso, a homenageada contou que, durante todos estes anos, vários grupos se tornaram parte de sua família. A Câmara Junior, por exemplo, instituição que forma lideranças na comunidade, na Lapa formou muitas, inclusive um ex-prefeito municipal. “Estes jovens trouxeram muitas coisas para a Lapa. Talvez poucas pessoas saibam que o primeiro asfalto da Av. Caetano Munhoz da Rocha, nos idos de 1960, foi obra da Câmara Junior”, relata.

Outro ponto que Suzana destacou foi a realidade nos anos de 1970/80, quando a Lapa tinha um grande problema com crianças pedintes em frente aos mercados, restaurantes. “Para resolver esta situação, mais uma vez se reuniram as lideranças, o Ministério Público, a Polícia Civil e Militar, e formamos a Fundação José Lacerda, que recebeu todas estas crianças dando educação, alimentação e recreação. Depois de enfrentar muitas dificuldades econômicas, a Fundação encerrou as atividades e foi passada para a Prefeitura. Hoje, no local, funciona a creche José Lacerda”, conta.

No entanto, quando a instituição foi transformada em creche, muitos jovens ficaram sem apoio. Foi então que foi fundada a Associação do Pequeno Trabalhador, que funcionava em frente à casa de Suzana e Aramis. Ali eram atendidos jovens carentes, que trabalhavam em uma pequena fábrica de brinquedos de madeira. “Estes brinquedos eram comercializados pelo antigo Instituto de Assistência ao Menor, órgão vinculado ao governo do Estado. Os jovens que passaram pela instituição hoje são empresários, professores, funcionários públicos, motoristas… Eles souberam aproveitar esta oportunidade. A associação só encerrou depois da criação do Estatuto da Criança e do Adolescente”, explicou Suzana.

Por passarem por muitas dificuldades financeiras, a homenageada resolveu iniciar o trabalho com uma pequena confecção de agasalhos escolares. Foi a partir desta iniciativa que Suzana reuniu várias senhoras que também confeccionavam roupas em malhas para criarem a VESTILAPA. Por dois anos, Suzana foi a presidente. “Encerramos esta associação por falta de coragem e incentivo. Talvez poderíamos ser hoje um grande polo industrial aqui na Lapa”, conta.

Suzana também faz parte do Movimento de Irmãos, da Igreja Católica, onde fez e recebeu apoio de muitos amigos. Também participa da Braspol – Comunidade Brasileira Polonesa da Lapa, do Coral São Benedito da Lapa, do Clube das Formiguinhas, que presta trabalhos em favor aos mais necessitados.

A homenageada participa, ainda, da Pastoral Carcerária. “Nesta Pastoral, só fui me envolver no belo trabalho realizado por Terezinha Meira. Pois ele possui muitos problemas de saúde e estava muito difícil dar continuidade à ação. Então, me propus a ser a sua motorista, pois poucas pessoas se sujeitam em trabalhar nos presídios. Descobri que este é um trabalho de muita de doação, muito necessário. A maioria só vê o pecado, não olha o pecador. E os cristãos devem colocar em prática tudo o que aprendem, principalmente em relação à caridade. Por isso, o trabalho realizado por Terezinha é tão importante e não deve ser deixado de lado”, relata Suzana.

Por fim, na ACIAL, Suzana assumiu seu segundo mandato, de 2014/2016. “O trabalho não é pouco e sei que não posso fazer tudo sozinha. Mas, sei que tudo o que é feito nestas instituições ou grupos é realizado por um grande número de pessoas comprometidas, pensando em fazer sempre o melhor. Por isto compartilho com todas estas pessoas esta Comenda. Tudo é fruto de um grande trabalho em equipe”, falou Suzana, afirmando que “não podemos mais só criticar, precisamos nos envolver, participar. E só aquele que participa, que se doa, que luta por uma mudança, tem o direito de reclamar. A comunidade unida tem muita força, temos que sair de nossa zona de conforto. Quando descobrirmos que é através da nossa união que podemos fazer a grande diferença, será maravilhoso. Precisamos acreditar em nossa comunidade! Brigo pela nossa Lapa. Coloco aqui o exemplo do Dr. Luiz Carlos Borges da Silveira, que saiu da Lapa para estudar e nunca deixou de acreditar em sua terra natal, pois retornou e investiu e está investindo aqui, gerando emprego para nossos jovens  e renda no município, contribuindo para o seu desenvolvimento”, finalizou.

Hoje Suzana já se considera lapeana, pois foi no município que viveu a maior parte de seus anos de vida. “Recebemos todos os dias muitas coisas boas do nosso Pai Celestial e, como forma de agradecimento, precisamos nos doar e lutar para transformar o nosso mundo em um mundo melhor. Não podemos passar nesta vida sem ao menos ter tentado melhorar a nossa família, nossa rua e, por fim, toda a comunidade”, disse a homenageada, dedicando a Comenda ao esposo Aramis (in memorian), pois foi com ele que aprendeu que não se pode acomodar; aos filhos Aramis José, Dartagnan, Emanuelle; ao filho adotivo Paulinho; e aos netos Matheus, Felipe, Athos, a pequena Cecília e a Luiza.

 

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