Produzindo morangos e tomates: união e informação gerando desenvolvimento local

Há cerca de cinco anos produzindo morangos através do sistema semi-hidropônico, família Krupa hoje é responsável pelo fornecimento da fruta e de tomates para redes de hipermercados da região, trabalhando em parceria com 19 produtores da Lapa.

 

Quem frequenta a Feira da Agricultura Familiar, na Lapa, e vê Casemiro e Terezinha Krupa à frente de uma das barracas, não imagina todo o trabalho que o casal e seus filhos Cristiano e Aldo fazem em sua propriedade, de cerca de 3,5 alqueires, localizada em Capão Bonito.

Cultivando morangos há mais de dez anos, foi há aproximadamente cinco que passaram a trabalhar com o sistema semi-hidropônico, sendo os primeiros produtores a implantar a técnica no Paraná, após buscar tecnologia adequada no Rio Grande do Sul e também em feiras voltadas à área, como a Hortitec – Exposição Técnica de Horticultura, Cultivo Protegido e Culturas Intensivas – a maior na área de hortifrúti da América. Cristiano esteve no evento por quatro vezes e de lá trouxe muita informação para o cultivo de morango e, ainda, seis variedades de tomate – entre eles o tomate Romanita que, no Paraná, é plantado exclusivamente na propriedade, e mini pimentões coloridos, que pesam de 20 a 25g cada, também com plantio exclusivo pelos Krupa.

Atualmente, o cultivo na propriedade é 55% de morangos, 35% de tomates em geral, e o restante (10%) de outras culturas, como caqui, kiwi, pêssego, pinhão e abóbora de pescoço. Também há cerca de cinco anos a família Krupa começou a comercializar a produção com foco nos hipermercados, buscando a venda direta. Atualmente, fornecem os produtos para as redes Angeloni, Festval, Tozetto, Mufatto, Casa Fiesta e lojas em Cascavel. Para atender a demanda, somente neste ano foram produzidos cerca de 300 mil quilos de morangos e 200 toneladas de tomate, empregando 25 pessoas da comunidade em todo o processo de plantio, colheita, classificação, preparo e entrega. E, para levar todos os produtos aos compradores, a família possui três caminhões que transportam diariamente os pedidos até o destino final, nos hipermercados. A propriedade conta ainda com quatro câmaras frias para armazenar adequadamente a produção, além de áreas específicas para a classificação e preparo dos produtos.

O sucesso da família se deu, principalmente, pela busca por novas tecnologias e informações atualizadas. Foi Cristiano quem correu atrás do que há de mais novo no mercado, buscando utilizar produtos naturais, que agridem menos o meio ambiente, o trabalhador e o próprio consumidor. A preocupação na produção já começa com a escolha das lonas que cobrem os produtos cultivados. Importadas de Israel, elas absorvem somente a luz boa para a planta, repelem insetos e favorecem a menor incidência de fungos. O resultado de toda esta preocupação é a menor pulverização no plantio. Cristiano explica que, no cultivo normal, ocorreria duas vezes por semana, mas da maneira na qual estão trabalhando, ocorre duas vezes ao mês. E os produtos escolhidos para serem utilizados possuem alto valor agregado, dotados de tecnologia única, que não agridem o homem e o meio ambiente. Entre esses produtos estão os fornecidos pela CDA Agrícola, Alltech Crop Science e Yara Fertilizantes.

PARCEIRIA

Mas, com o sucesso e crescimento nas vendas, a família Krupa sentiu a necessidade de buscar parceiros para a produção. Foi assim que, há cerca de quatro anos, iniciou o trabalho com famílias da região. Hoje, conta com 19 parceiros na Lapa, que plantam nas regiões de Santo Amaro, Vista Alegre, Boa Vista, Faxinal dos Correias, Faxinal dos Pintos, Capão Bonito e Assentamento Contestado (quatro produtores).

Com isso, a área total de cultivo – inicialmente de 3,5 alqueires da família Krupa – passou a ser de cerca de 10 hectares, quando somadas as áreas dos parceiros, tendo cerca de 250 mil plantas de morangos.

Os primeiros parceiros, Edilson e Liliane Estrugala, moradores de Vista Alegre, anteriormente trabalhavam como empregados de granja. Em 2011, devido a algumas dificuldades percebidas na área, decidiram buscar trabalho na propriedade dos Krupa e então surgiu a proposta de parceria, que segue até hoje. Eles contam que recebem toda a estrutura para o plantio, dividindo os custos nos substratos, embalagem e caixas d´água, por exemplo. “A maior vantagem na parceria é saber que a produção terá venda”, conta Edilson. “A parceria traz segurança para nós”, explica Liliane.

TREINAMENTO

Sabendo das exigências do mercado consumidor, Cristiano e seus familiares buscaram o programa de Boas Práticas Agrícolas (BPA). A primeira parte do programa foi repassada a todos os parceiros através do Senar. Atualmente, o trabalho segue com auxílio do Sebrae/PR.

O resultado disso é a garantia na qualidade da produção em todo o processo, e não somente na propriedade dos Krupa.

E, visando explicar adequadamente a todos os parceiros a importância do uso de produtos que agridam menos o meio ambiente e suas formas de aplicação, na noite de 17 de setembro foi realizado, pela terceira vez, treinamento para os produtores. O evento aconteceu no barracão do campo de futebol de Capão Bonito, com churrasco patrocinado pelas empresas participantes (CDA Agrícola, Alltech Crop Science e Yara Fertilizantes) para os cerca de 60 produtores presentes.

A CDA trabalha com fertilizantes, sementes de hortaliças e flores, substratos, filmes plásticos e defensivos agrícolas. Já a Alltech fornece soluções para todas as fases da planta, dispondo de categorias especiais para a nutrição, proteção e performance da planta. E a Yara Fertilizantes, que é líder mundial em nutrição de plantas, oferece adubos granulados, fertilizantes, sais, produtos líquidos e fertilizantes foleares.

O gerente da região sul da empresa Alltech, Flávio Muniz, conta que Cristiano Krupa tem atitudes inovadoras. “Ele está preocupado não somente com o uso de produtos que não agridam o meio ambiente, mas também com o desenvolvimento da comunidade local”, reforçou Flávio, citando a parceria com os 19 produtores e o pensamento de que todos devem crescer juntos.

O CULTIVO

Reconhecidamente uma das espécies de maior sensibilidade a pragas e doenças, o morango é altamente exigente em práticas culturais desde o plantio até a pós-colheita. Esta sensibilidade faz com que produtores apliquem agroquímicos de forma muito intensa, frequentemente sem os necessários critérios técnicos. Estas atitudes, embora possam permitir obter frutas de boa aparência, podem limitar o mercado pela presença de resíduos, além dos danos ao ambiente e a saúde do produtor e do consumidor. Desta forma, surgem opções de sistemas alternativos de produção, como é o caso do sistema semi-hidropônico e a produção orgânica. É, portanto, uma alternativa importante de diversificação na propriedade, para a qual devem-se seguir estritamente as orientações técnicas com o intuito de obter-se um produto de qualidade e em acordo com a legislação vigente, bem como atendendo aos requisitos de um mercado sempre mais exigente.

O sistema semi-hidropônico utiliza prateleiras em diferentes níveis em altura. São usadas também bancadas com um nível, e altura de 1 m do solo, o que facilita o manejo do sistema. As bancadas em um nível são construídas sobre palanques de sustentação e sobre eles são fixadas travessas e ripas, que formarão duas bancadas. Estas bancadas sustentarão as embalagens com os substratos e o sistema de irrigação. Entre as bancadas deve haver um espaço que permita a realização de manejos, tratos culturais e colheita das frutas. O sistema de bancada oferece uma distribuição de energia solar mais uniforme às plantas, o que pode levar os frutos a terem excelente sabor quando maduros.

O sistema semi-hidropônico é bastante utilizado na Europa, onde é preferido por possibilitar a melhor utilização do espaço na pequena propriedade. Ele apresenta vantagens claras frente ao sistema convencional, tais como: o produtor não precisa fazer rotação das áreas de produção, prática necessária para reduzir a podridão de raízes no sistema de túneis baixos – dessa forma, chega a triplicar o potencial de uso da área de terra; o manejo da cultura pode ser realizado em pé, o que favorece a contratação de mão-de-obra; o novo ciclo de produção é estabelecido com a troca do saco plástico e do substrato a cada dois anos, o que auxilia na redução da incidência e do alastramento de podridões na cultura (se essas ocorrerem, elimina-se somente o saco infectado e não toda a área de produção); o sistema protege as plantas do efeito da chuva e facilita a ventilação, condições que impedem o estabelecimento de doenças; como há menor pressão de doenças, o uso de agrotóxicos pode ser substituído por práticas culturais, uso de agentes de controle biológico e produtos alternativos, reduzindo drasticamente o risco de contaminação dos frutos, sem afetar a rentabilidade da produção; permite a produção de frutas com maior qualidade e menor perda por podridão; o período da colheita pode ser estendido em, pelo menos, dois meses; o sistema facilita a adoção de princípios de segurança dos alimentos, possibilitando a maior aceitação dos morangos pelo consumidor.

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