Não há como falar do Dia dos Namorados sem que nos remetamos a uma certa nostalgia. As lembranças tomam conta e nos sentimos como que inebriados diante das imagens resgatadas pelos nossos sentimentos. As propagandas cheias de beijos, casais felizes, jantares românticos, querem nos dizer que o amor existe; além dos objetos que elas representam, claro! A esperança e o desejo de encontrar no(a) namorado(a) de hoje a certeza do casamento de amanhã, nesta data sempre está presente. O par ideal é o objeto de desejo de todo jovem, ou daquele que está ainda sozinho. O Dia dos Namorados diz: “Ainda há esperança nesta terra de meu Deus!”.
Conheço pessoas que há muito esperam pela chegada do seu “pé de chinelo”. Estimulados por boas lembranças ou por acreditarem no amor, buscam em encontros, que hoje podem ser feitos inclusive por sites de relacionamento ou aplicativos, a realização do seu sonho. Este acalentado com zêlo e cuidado, certamente surgiu na infância através das imagens de relacionamentos próximos como os pais, tios, amigos da família, novelas, filmes, dentre outras formas. Meninas e meninos, mesmo sendo educados para terem uma vida adulta plena, recebem de suas famílias orientações para que saibam como escolher seu parceiro. A vida adulta só poderá ser plena a partir das escolhas afetivas saudáveis que fazemos na vida.
Não digo ser fácil ou difícil. Acredito que a cada um Deus concede da sua forma. Também não me arrisco a dizer que “no meu tempo era diferente!”. Certamente, em todos os tempos haverá diferenças, porém, em relação a algumas coisas, permanecemos os mesmos. Desejamos ter do outro parceria, abrigo, segurança, aconchego, um porto, lealdade, enfim, tudo o que se pode esperar do amor. Mesmo na era da tecnologia, onde o namoro é também virtual, ainda estremecemos ao toque, a barriga ainda esfria e o desejo do encontro ainda permanece. Os seres humanos evoluíram em muitos aspectos, mas a escolha do par ideal continua da mesma forma, sendo um dos nossos objetivos. As emoções são as mesmas e os olhares que ensejam as conquistas não ficaram de lado. O comentário dos amigos, o esperar para dançar num baile, a conversa ao pé do ouvido. Todos, sem exceção, são formas permanentes de expressão de conquista, de sedução, de escolha do objeto do desejo, cultivadas por nós, humanos, desde os primórdios de nossa existência.
Neste sentido, o namoro torna-se uma fase de treinamento para uma vida compartilhada num futuro possível. É através do namoro que nos conhecemos em relação ao outro e ele em relação a nós. Testamos nossos limites e somos testados. Tornamo-nos mais resilientes diante de fatos e pessoas. O namoro é um processo de conhecimento mútuo e amadurecimento emocional. Uma busca pela confirmação da esperança de não ter um futuro sozinho, sem partilha. Por isto, São Paulo tão bem descreveu o amor, como sendo paciente, benigno, onde tudo espera e tudo suporta, colocando-o como a maior de todas as virtudes. Receio em dizer que não é fácil, mesmo no namoro. Por outro lado, sendo a maior das virtudes também trás com ele seus momentos prazerosos! São tantos que, depois de conhecê-lo acreditamos que não dá mais para viver sem ele. Amar é bom demais!
*Maria Rita Gertner é psicóloga clínica (adulto e infantil – CRP: 08:IS/297).