Queris, há tempos que gostaria de pôr na roda, o assunto: MODA, justamente porque, nós que somos profissionais da área, nos incomodamos com a maneira de como as pessoas reagem em relação à moda. Existe preconceitos, meio que uma banalização de que moda é fútil, é inútil, é supérfluo. O que na verdade, são conceitos equivocados. Pensando nisso, nada mais significativo do que explicar um pouco sobre o que é a moda e de como ela tem um impacto real e direto na vida e no cotidiano de todo nós. Vamos do começo: MODA vem do latim, “MODUS” e quer dizer COSTUME. Lá nos tempos das cavernas, a moda era tida tanto como necessidade de se cobrir pelas intempéries, quanto para impor respeito entre os semelhantes, algo do tipo: aquele que exibia sobre o corpo, a pele maior e mais exuberante, era considerado o mais poderoso, o mais corajoso. Então, desde aquele tempo, a moda tinha sim uma função social, de se expressar e se destacar entre os demais. Trazendo à nossa realidade, quando nascemos, o nosso primeiro contato com o mundo exterior é através da moda, pois, ainda bebês somos envolvidos com um tecido, logo após o parto. É regra que este tecido seja de fibra natural, de textura lisa e delicada, com uma trama justa pra envolver e aquecer o corpinho do bebê. Está posto o nosso primeiro contato com a moda. Desde então, a nossa relação com a moda começa a acontecer de forma bem orgânica, quando passamos a nos vestir a partir de costumes e tradições culturais. A moda é um fenômeno sociocultural, ela expressa o comportamento, usos e hábitos presentes na sociedade, faz parte de um sistema que integra o vestuário e o tempo. E esse ato de vestir reflete um contexto pessoal, político e social também, porque quando escolhemos uma peça pra vestir, mesmo que involuntariamente, estamos nos expressando e contextualizando o momento atual em que vivemos dentro da sociedade. E é por isso que constatamos tantas diferenças no modo de vestir de outras culturas, como por exemplo, os muçulmanos, os indianos, os japoneses, cada cultura e cada país têm as suas tradições e particularidades dentro da moda e isso é interessante porque é justamente essa diversidade de cores, de tecidos, de estilos que a moda se reflete enquanto cultura. Moda é comportamento, é cultura, é arte, é comunicação, é business*, é tradição, é sociedade e também é roupa. Moda não é só o “look do dia*”, a moda faz parte do cotidiano, todo o dia o tempo todo. As nossas decisões diárias, são pautadas pelo repertório de informações que temos ao longo da vida, e a moda está ali, dentro deste contexto. O nosso consumo ou a negação de consumir é pautado pela moda, seja de forma consciente ou inconsciente. Pra ilustrar: em uma das cenas mais icônicas do filme “O Diabo veste Prada”, a personagem Andrea é confrontada por Miranda Priestly após debochar dos diferentes tons de azul de dois cintos que, em sua opinião, pareciam iguais. É então que a diretora da revista utiliza as próprias roupas de Andréa para explicar a influência que a moda tem sobre a vida da assistente, mesmo que ela não perceba. Miranda pondera, de forma muito sutil, como a moda tem o poder de denunciar um período e ser o reflexo de uma época. É uma cena memorável, e que, vale super à pena assistir, simplesmente para entender o quanto a moda está presente na vida e nas escolhas das pessoas. Enfim, a moda faz parte da vida, não tem como negar. Tudo o que vemos de design, cores, texturas, estampas seja na roupa, na decoração, na gastronomia, fazem parte de um compilado de informações que são geradas através de comportamentos, que geram tendências, que geram necessidades, que geram produtos. Seja um carro, um utensilio doméstico ou uma roupa, em algum momento todas essas informações vão se cruzar e influenciar na hora da sua decisão de compra. E no momento atual em que somos o tempo todo monitorados por algoritmos*, publicidades, check-in* e a nossa própria exposição nas mídias sociais, fazem com que o mercado perceba esses comportamentos, identifique essas tendências e valide necessidades pra gerar consumo, seja ele físico ou sensorial. Bom, para todos os efeitos, à partir de agora, não sejamos mais ignorantes. A Moda é sim, muito importante, ela faz parte da vida de todos e deve ser respeitada. A indústria da moda é a segunda maior geradora de empregos diretos e indiretos do mundo, uma economia que movimenta em torno de US$ 48, 3 bilhões ao ano*, sendo também, um movimento sociocultural, que gera empregos, que gera renda, que gera inúmeros benefícios para a sociedade. Então queris… respeita a MODA!!!
Enriquecendo nosso vocabulário: Business: do inglês, negócio | Look do dia: expressão utilizada para descrever visualmente a combinação de peças.| Algoritmo: código de informação que mapeia e direciona interesses na internet | Check-in: registro de entrada | US$ 48,3 bilhões ao ano: dados atualizados da ABIT (Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção) https://www.abit.org.br/cont/perfil-do-setor