Gabriela Sampaio, Secretária Municipal de saúde, nos concedeu entrevista exclusiva onde fala sobre o momento que vivemos e das ações realizadas pelo município no combate à pandemia.
Como você analisa até o momento o conjunto de ações do poder público?
Eu posso dizer que o poder público tem trabalhado com afinco. Para dar conta da demanda, estamos obtendo o apoio das mais diversas secretarias e departamentos municipais nesta luta. Eu acredito que estamos fazendo o que deve ser feito. Um exemplo disso foi a instalação do Hospital de Campanha que foi um dos primeiros locais preparados para a pandemia no Brasil. A partir do momento que a demanda aumentou e, graças ao trabalho da prefeitura, nós pudemos transferir o atendimento ao Centro de Referência do Covid19 para o prédio do futuro Posto de Saúde que já estava concluído. Para atender a essa demanda, fizemos inúmeros treinamentos e contamos, principalmente, com a boa vontade e dedicação dos funcionários do setor de saúde do município.
Quais as principais problemas enfrentados pela equipe de combate ao Covid da Prefeitura da Lapa?
Inicialmente é interessante mostrar que o trabalho tem sido feito com muita dedicação por todos os integrantes de equipes. A vigilância Sanitária está à frente, mas contamos com duas dezenas de equipes para monitoramento e acompanhamento dos casos suspeitos e confirmados. O problema principal que estamos enfrentando é a ignorância de algumas pessoas. Ignorância no sentido de ignorar as normas amplamente divulgadas de prevenção. Se existe uma placa de limite de pessoas num comércio, o cliente deve respeitar, assim como o empresário deve pedir ao seu cliente para se adequar. Se o cidadão está com suspeita de infecção, se dirige ao Centro de Referência em Covid19 onde será realizado o teste. A partir daí deve-se respeitar o isolamento individual de cada paciente. Porém em alguns casos chega ao extremo de pessoas infectadas saírem de casa apenas para buscar seus exames na vigilância sanitária. Essa atitude é extremamente perigosa e irresponsável, visto que o vírus é de fácil transmissão. Outros entraves são alguns comerciantes que insistem em não cobrar prevenção de seus clientes, mesmo sabendo do perigo existente. Mas posso dizer que a grande maioria da comunidade está fazendo a sua parte. Pena que uns poucos erram e acabam prejudicando muitos.
Quais os principais focos de contaminação atualmente?
No início tínhamos condições de saber e investigar a origem das contaminações. A partir de um certo número de casos se torna praticamente impossível aferir o fator de contaminação. Quando os casos começaram a se tornar comunitários, ou seja, sem origem esclarecida, o nosso trabalho ficou mais intenso, visto que é necessária a colaboração das pessoas testadas e seus familiares, visando a erradicação da contaminação. Sabemos que é muito difícil fazer isolamento domiciliar em casas menores, onde vivem mais pessoas por metro quadrado, porém algumas normas simples podem fazer com que isso funcione. Para o paciente suspeito ou positivado, é necessário e imprescindível o uso da máscara mesmo dentro de casa, visando evitar a transmissão a familiares (inclusive é importante o uso das máscaras pelas pessoas próximas). Também devem ser mantidas distância de, no mínimo, um metro entre pessoas e caprichar na higiene das mãos. Separar talheres, pratos e higienizar sanitários a cada utilização do paciente suspeito também são importantes. A maior parte dos casos registrados nas últimas semanas é de contaminação por proximidade com paciente de casa e nosso trabalho de informação e acompanhamento não tem ação dentro das residências. Diversas famílias ignoram os cuidados e acabam todos sofrendo as consequências.
Como é o procedimento correto para as pessoas que suspeitam estar infectadas?
A partir do momento que o cidadão tem alguns sintomas, se ele estiver infectado, já pode estar transmitindo o vírus. Um procedimento correto seria o auto isolamento domiciliar e a consulta no Hospital de Referência. Temos notado que muitas pessoas suspeitas de contaminação agem como se não estivessem doentes e continuam suas rotinas normais ou até intensificam visando se isolar depois do teste. O erro está aí. Quando uma pessoa está com sintomas e suspeita estar infectada, já pode estar transmitindo o vírus a todos. Tivemos diversos casos na região de pessoas que estavam com suspeita de Covid e visitaram parentes, que acabaram contaminados, inclusive chegando a óbito em alguns casos. Essa situação já aconteceu por aqui e é um dos principais pontos onde não conseguimos agir. Dependemos da atitude correta dos suspeitos de infecção para que estes casos não se repitam.
Qual é o trabalho das equipes de monitoramento e vigilância?
A Comissão Municipal de Combate ao Covid conseguiu montar mais vinte equipes com o apoio dos mais diversos setores da prefeitura para se unir às outras já existentes. O trabalho principal é a orientação, acompanhamento e monitoramento de casos suspeitos e confirmados, com a completa orientação sobre os procedimentos pessoais a serem seguidos. As equipes são responsáveis por acompanhar determinado número de pessoas e verificar as condições sanitárias dos pacientes. As pessoas são orientadas e devem adaptar as sugestões oficiais às suas possibilidades, porém é muito importante que as regras sejam seguidas para evitar proliferação do vírus.
Os pacientes infectados recebem medicamentos do município?
Todo paciente que vai ao Hospital de Referência é atendido por um médico que atesta a sua condição de saúde, além de realizar o teste para o Covid19. Cada médico tem sua conduta e prescreve medicamentos conforme o caso se apresenta. A farmácia municipal está completa com todo o tipo de remédio necessário para esta doença, mas quem deve definir o que prescrever é o profissional de saúde, que estudou e conhece das enfermidades. Essa conduta médica é inviolável e nem prefeito, secretária de saúde ou cidadão pode exigir que o médico lhe prescreva algo que vai contra suas convicções. O município não deixa ninguém que necessite sem tratamento adequado.
Finalizando, o que é mais importante neste momento?
Agora é hora de se prevenir e cuidar de sua família. Não deixe de usar máscara, pois é comprovado que esse pequeno acessório combate o contágio. Além disso a higiene com as mãos e o distanciamento entre as pessoas são primordiais para a prevenção. Todos devemos ter consciência que uma atitude impensada pode acarretar a morte dos nossos entes queridos ou pessoas próximas. Não podemos brincar com a pandemia, ela não escolhe a quem infectar. Conscientização é a solução para evitar o vírus.
Quero finalizar agradecendo imensamente ao prefeito, a todos os secretários municipais, diretores e servidores pelo apoio, mas, principalmente, parabenizar a equipe da Vigilância Sanitária que se desdobra à frente deste desafio com toda a garra necessária para a batalha.