O Brasão da Lapa nos limita?

A Tribuna Regional uniu-se ao desenhista Paulino Schimalski e o design gráfico Marcel Ulbirich Junior, no intuito de redesenhar o Brasão da cidade, instituído em 1954, como exercício de curiosidade.

Discutir símbolos municipais parece inútil, mas tem uma grande importância para a história e identidade do município. É fato que, por aqui, temos grande apreço pelos heróis que lutaram no Cerco da Lapa, pelos cidadãos que sofreram com as maldades e crueldade da guerra, mas a Lapa não pode e nem deve ser definida apenas por este episódio. Pensando nisso, A Tribuna Regional uniu-se ao desenhista Paulino Schimalski, no intuito de redesenhar o brasão da cidade, instituído em 1954.

Tal brasão não existe nos arquivos municipais, nem na Câmara, nem na prefeitura. Por isso o desenhista nos ajudou com os elementos principais e nosso artista gráfico, Marcel Ulbirich Jr. recriou o símbolo, baseado na Lei do prefeito Pedro Fávaro Cavalin, de 1954.

Alguns podem dizer que apresentar tal símbolo é um retrocesso na história, porém consideramos isso como um bom fato para pensarmos sobre quem somos, o que fazemos e o que queremos representar.

A nossa origem vem dos tropeiros, que passavam pela Lapa no caminho de Viamão. Depois disso o povoado virou vila, depois cidade, e, nos idos de 1969, o prefeito Sérgio Leoni alterou o brasão que trazemos nesta matéria para o atual, com um maragato e um pica-pau ladeando um canhão histórico.

O brasão atual é limpo, rápido de ser identificado, porém remete a um tempo belicoso, de grande sofrimento e disputas políticas. O Cerco da Lapa aconteceu poucos anos depois do golpe militar que expulsou D.Pedro II, o Imperador do Brasil, e sua família, colocando um débil Marechal Deodoro na presidência.

O clima naquela época era parecido com o de hoje. Existiam os federalistas e os apoiadores do governo instituído. Tudo isso é motivo para repensarmos nossos símbolos.

Queremos ser limitados apenas pelos poucos dias de um conflito sangrento ou queremos mostrar ao mundo que somos mais do que apenas defensores derrotados em uma pequena guerra?

Deixando a discussão com você, leitor, apresentamos abaixo a Lei nº 162, de 24 de maio de 1954, que trata do brasão a que nos referimos.

“A Câmara Municipal da Lapa, Estado do Paraná, decretou e eu Prefeito sanciono a seguinte Lei, Art. 1º. Ficam criadas a Bandeira e o Escudo de armas do Município de Lapa, Estado do Paraná § 1º A Bandeira a que se refere este artigo, com as cores verde nacional e branco, será disposta do seguinte modo: Um retângulo verde, conforme desenho anexo, cortado ao meio, em sentido vertical, por uma faixa branca em cujo centro se destaca a esfera azul com a constelação do “Cruzeiro do Sul” apresentado, em semi-circulo a palavra LAPA.

§ 2º O Escudo de Armas do Município, conforme consta do desenho anexo, ficará assim descrito:

“Um escudo ensimado por um castelo cor de tijolo, em forma de coroa, ladeado por duas estrelas prateadas com contorno amarelo ouro, tendo ao centro uma esfera azul onde se destaca a constelação do “Cruzeiro do Sul”, uma em cada angulo superior do escudo, tendo este por fundo, no plano superior, a figura de dois touros em luta, simbolizando a um tempo, a produção pecuária do Município a memorável resistência da Lapa que firmou, em definitivo, a consolidação do regime republicano em 1894; no plano inferior, lateral direita, sob a constelação do Cruzeiro do Sul, o pinheiro e a herva – mate, sobre faixes horizontais verde-amarelo, na lateral esquerda, lavrador cultivando a terra, tendo como fundo o sol nascente; ladeando o escudo destacando-se um ramo de herva – mate à direita, e um ramo de milho a esquerda, rematados na parte inferior do escudo um laço de fita branca com os dizeres, em azul: 13-VI-1769.

Art. 2º. Revogam-se as disposições em contrário.

Prefeitura da Lapa, em 24 de maio de 1954

Pedro Favaro Cavalin Prefeito Municipal”

Na Lei de 1954, Pedro Fávaro Cavalin apresenta as potencialidades do município, como pecuária e agricultura, não esquecendo do episódio do Cerco da Lapa. Além de trazer elementos mais suaves aos olhos, o brasão aqui representado deixa espaço para atualizações. Poderíamos utilizar este mesmo símbolo, incluindo elementos turísticos, para representar as belezas arquitetônicas do nosso casario histórico.

CURIOSIDADE

A recriação do Brasão Municipal de 1954 é apenas a título de curiosidade histórica para nossos leitores. Também temos a intenção de repensar o que queremos e devemos representar como município. Não há projeto e nem intenção, atualmente, de alterar as atuais marcas. Porém, não seria mau discutirmos este assunto.

Esta é uma mera representação artística da Lei 162, de 1954. Como não existe o desenho original para usarmos como base, nossos desenhistas chegaram a esta imagem, que contempla todos os itens da Lei. Alguns elementos podem não estar incluídos corretamente, visto a vaga descrição da supra-citada Lei.

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