Restaurante do Mickey comemora seus 45 anos de atividade e tem muito prá contar.

4 de abril. Esta data é marcante na vida da família Siqueira. O motorista de ônibus Antônio da Silveira Siqueira, popular Mickey, deixou seu trabalho na empresa Lapeana para se dedicar a um empreendimento familiar, uma pequena lanchonete. Esta mudança de profissão deu-se após a descoberta de um câncer pelo seu pai Gonçalo e já que Mickey era filho único, tomou-se a decisão de investir num negócio que pudesse deixar o filho mais próximo ao pai, motivado pela doença e necessidade de cuidados que se impunha no momento.

Com poucos recursos, o Sr. Gonçalo, que até então trabalhava na madeireira Ribas, foi até a Rádio Legendária e mandou um aviso ao seu irmão, conhecido Jeca da Silveira, morador do Mato Preto, anunciando que precisava tratar de assuntos importantes na cidade. O “tio Jeca”, como conta Marcelo Frank, veio até a cidade e soube da ideia de montar um negócio para o jovem Mickey. O tio do interior emprestou o dinheiro e, no dia 4 de abril de 1977 inaugurou-se o que seria o Costelão do Mickey. Infelizmente o Sr. Gonçalo veio a falecer pouco tempo depois e não viu o crescimento do empreendimento.

Logo no primeiro ano de atividade Mickey abria sua lanchonete bem cedinho oferecendo salgados, lanches e bebidas para os clientes. O lugar sempre foi movimentado, visto ser na entrada da cidade e também porque muitos dos cidadãos embarcavam em ônibus ali por perto, além de ser passagem para o constante fluxo de turistas. Mesmo antes de completar um ano de empresa, Mickey passou a oferecer o que seria o carro chefe de seu restaurante: a mais deliciosa costela bovina da região.

Pela qualidade da costela e também pelo ótimo atendimento sempre prestado, o Mickey e sua esposa Beatriz Frank Siqueira precisaram ampliar seu espaço para dar lugar a mesas onde os clientes faziam suas refeições. Com o passar dos anos o restaurante tornou-se ponto tradicional de turistas, que vinham ao Parque do Monge praticar suas devoções ao São João Maria e escolhiam almoçar no Costelão do Mickey. Na década de 80, mais especificamente no ano de 1986, a necessidade de espaço fez com que o ambiente passasse por uma ampla reforma, que garantiu o espaço necessário para o atendimento de todos os clientes que por ali passavam.

Antônio da Silveira Siqueira, popular Mickey, deixou o convívio deste mundo há cinco anos, deixando um hiato na sociedade lapeana. Para dar continuidade ao negócio, o filho Rodrigo e sua mãe Beatriz assumiram por alguns meses depois passando para as mãos de Marcelo, que atualmente administra e mantém a tradição do melhor Costelão da região.

APRENDIZADO

Até hoje muita gente quer saber quais os segredos da maravilhosa costela servida no Costelão do Mickey.  Marcelo Frank de Siqueira, filho do fundador da empresa, conta que aprendeu com seu pai as técnicas para preparar e servir da melhor maneira a tradicional costela. Segundo ele, o cuidado com o preparo vem desde a escolha das peças, uma a uma, analisando medidas, espessura e quantidade de gordura. O tempo de forno é uma etapa interessante, visto que o preparo é feito de um dia para o outro, o que garante aquela carne ‘derretendo’, mas não é só isso. Tem o momento certo de virar, aumentar o fogo, baixar, dourar a contento, tudo isso são detalhes que não se transmitem facilmente e Marcelo passou anos vendo e aprendendo com seu pai como fazer.

“Tem dias que me pego preparando a costela e lembro que meu pai fazia daquele jeito, e me bate a saudade”, afirma Marcelo, Policial Militar da reserva, que aos 45 anos assumiu o empreendimento depois do falecimento de seu pai. A transição não foi fácil, mas o aprendizado de anos, junto ao ‘seu velho’ garantiram a continuidade do negócio, mantendo a irreverência, cordialidade e, principalmente, a qualidade que faz do Restaurante do Mickey o melhor Costelão da Região.