Data foi instituída Pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre a poluição sonora
Com a evolução das tecnologias, campos de trabalho, saneamento e saúde desde a Revolução Industrial em 1760, as cidades ficaram cada vez maiores e mais concentradas. Com 900 mil habitantes em 1710, Pequim (China) era a cidade mais populosa do século XVIII, segundo a About Geography. Hoje, no entanto, é comum cidades com mais de 1 milhão de habitantes pelo globo, sendo Tóquio com 37 milhões a mais populosa de todas, abrigando 30% de toda a população japonesa.
Com a expansão das cidades, o ruído urbano se intensificou, principalmente pelos meios de transporte como carros e aviões, além das construções, animais e estabelecimentos que funcionam até tarde. Segundo levantamento da Agência Europeia do Meio Ambiente, a poluição sonora causa mais de 16 mil mortes e 72 mil hospitalizações ao ano. Segundo a OMS, em um comunicado emitido em 2003, a poluição sonora é a terceira que mais afeta as pessoas, ficando atrás apenas da poluição da água e do meio ambiente. O artigo da autora Lacerda (2005), que você pode conferir clicando aqui, o ser humano está cada vez mais acostumado com o barulho. No entanto, mesmo habituados, alterações são percebidas, tais como distúrbio do sono e cardíaco além de distúrbios neurológicos diversos.
Além dos seres humanos, a natureza em geral também é afetada. Os Parques Nacionais dos Estados Unidos apontaram que a poluição sonora causou mudança no padrão de vida de alguns animais, alterando a reprodução e causando inclusive a extinção de algumas espécies.
O que é a poluição sonora
Sons são medidos em decibéis (dB), uma escala que diferentemente de outras, só pode ser medida com um aparelho específico, o decibelímetro. Essa escala se refere à quantidade de som percebida pelo ouvido humano. A OMS aponta que sons abaixo de 50 decibéis (dB) não afetam a saúde humana. A partir de 55 dB, é comum o surgimento de estresse. A partir de 65 dB há risco de infarte além de desiquilíbrio bioquímico do organismo. Ainda segundo a organização, cerca de 20% da população europeia está exposta a mais de 65 dB diários. Um exemplo mais próximo é Curitiba, com um valor médio aferido em 76 dB, segundo este artigo. Já em São Paulo, o ruído fica entre 86 e 95 dB, aponta a Associação Brasileira para Qualidade Acústica.
Diferença de som e ruído
Não há um consenso bem definido entre a bibliografia especializada sobre a definição de som e ruído. No entanto, alguns aspectos são pontuados pela maioria dos autores. A FIESP explica que não há diferença na natureza entre o som e o ruído. O ruído pode ser definido como algo indesejado, incômodo. Já o som são variações que provocam reação, geralmente prazer, como a música.
Além das ruas
Além do ambiente externo das cidades, há grande concentração de ruído dentro dos ambientes de trabalho. Ainda segundo a FIESP, além de afetar a saúde, os ruídos normalmente causam perda de eficiência dos trabalhos por exercerem carga de estresse, falhas comunicacionais, além de provocar acidentes e danos auditivos.
Por essas razões a OMS instituiu o dia do silêncio. A data, afirma a organização, serve para alertar sobre os perigos da poluição e para lembrar as pessoas que estão acostumadas de sua existência.
Nem sempre é possível fazermos algo para interferir no nível de ruído onde estamos, mas você pode manter sua casa com poucos decibéis”, comenta a médica. Para aliviar o stress, ela recomenda chás e atividades relaxantes que não precisem de áudio, como a leitura. “As pessoas chegam em casa e logo assistem a um filme ou série. Mesmo sendo um som que se queira escutar, mecanicamente seu ouvido já está fadigado”, explica.
Para os curiosos: Krakatoa
O recorde de ruído mais alto é a erupção do vulcão Krakatoa em agosto de 1883, atingindo aproximadamente 310 dB. O diário de bordo do navio Norham Castle registou que metade da tripulação teve seus timpanos rompidos. A embarcação estava há 70 quilômetros de distância do vulcão. O ruído pode ser escutado nas ilhas Maurício, há cinco mil quilômetros de distância.
Em comparação, o Saturn V, foguete mais poderoso já produzido pela humanidade, arrancando do solo 118 toneladas. Segundo a NASA, a propulsão total em lançamento produz 204 decibéis, bem abaixo do Krakatoa.
Reportagem por Luiz Gabriel Correia Ely