Mulheres na ciência

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Elas mudaram o mundo com suas contribuições, mas até hoje encontram dificuldade para suas publicações

Fundada em 1900 pelo químico Alfred Nobel, a Fundação Nobel premia as pessoas que apresentaram o trabalho com maior relevância em suas áreas, visando benefício para a humanidade. Atualmente, as categorias são divididas em Física, Química, Medicina, Literatura e Paz.

O prêmio Nobel demonstra a face de uma ciência que não mudou até pouco tempo atrás: dominada por homens. Até 2021, segundo dados da própria fundação, 947 indivíduos receberam o prêmio, sendo 58 mulheres. Hoje, no entanto, esse panorama está mudando. Uma pesquisa realizada pela UNESCO apontou que 30% da academia científica é ocupada por mulheres. Já no Brasil, a fatia é de 40%.

Mesmo sendo uma iniciativa com mais de um século fundada em um ambiente predominantemente masculino, em 1903 Marie Curie foi a primeira mulher a receber um Nobel. O prêmio foi concedido pelo seu trabalho em demonstrar a radioatividade. Em 1911 ela recebeu outro Nobel, desta vez em química pela descoberta de dois elementos, tornando-se a primeira pessoa a receber dois Nobels, feito realizado por quatro pessoas até hoje, três homens.

Um exemplo mais recente, duas mulheres receberam o Nobel de medicina em 2020, Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna pelo desenvolvimento da técnica Crispr, utilizada para manipulação do DNA com mais precisão do que as antigas técnicas, revolucionando a engenharia genética.

Hoje, as mulheres dominam sete áreas da ciência, conforme dados da USP. Mesmo assim, as publicações e subsequentes citações ficam abaixo se comparado aos homens.

A professora de história Adalberta Laurentina explica que além do preconceito, a causa da falta de mulheres também é histórica. “Levou séculos para que as mulheres ganhassem o direito de frequentar escola e demorou mais ainda para que pudessem ingressar em uma universidade. A adesão à ideia de mulheres estudarem ainda é recente se comparado aos homens e isso gera entraves entre os gêneros na ciência”.

A professora ainda conta um exemplo de persistência feminina. ” Gertrude Elion não foi aceita em vários cursos de pós-graduação por ser mulher. Então ela aceitou estagiar em um laboratório, sem remuneração, até ser aceita em um grande grupo farmacêutico. Lá, ela desenvolveu o primeiro remédio contra leucemia”.

Mulheres, programa espacial e Artemis

O voo espacial que levou o homem à lua só foi possível graças a três mulheres negras que calculavam os parâmetros orbitais da trajetória. Segundo a NASA,o astronauta John Glenn só entraria na nave caso fossem elas quem calculassem a órbita. Desta maneira, essas mulheres ficaram conhecidas como as computadoras da Nada. Outro caso emblemático envolvendo o programa espacial foi Margaret Hamilton, responsável por coordenar o desenvolvimento do software que levou a nave ao satélite natural.

Agora, uma nova missão está programada para o fim da década de 2020 para voltar à lua. O programa recebeu o nome da deusa grega da lua Ártemis. Todo o projeto será liderado por mulheres e levará a primeira astronauta ao solo lunar.

A professora Adalberta Laurentina vê esses exemplos como uma nova perspectiva para a sociedade. “As mulheres estão ganhando cada vez mais relevância na ciência, o que vai servir para diminuir a resistência delas nas áreas do conhecimento”, conclui.

Reportagem por Luiz Gabriel Correia Ely

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