Maio, mês das aves migratórias

Limosa lapponica baueri
Foto: Andreas Trepte

Esses pássaros estão espalhados por todo o globo e dependem de um complexa rede de lugares para sobreviver

As aves migratórias estão espalhadas pelo globo e por isso dependem de uma complexa rede de lugares para sua alimentação, repouso e reprodução. Esses locais diferem de região para região e estão presentes em quase todos os continentes, menos na Antártida. Por essa característica, esses animais estão ameaçados de extinção, pois com o declínio de seus habitats, eles encontram cada vez mais dificuldade para se reproduzir.

Em 2020, uma pesquisa realizada pela Global Flyway Network (GFN), organização que estuda a migração das aves, registrou o recorde de voo mais longo. O pássaro da espécie Limosa lapponica baueri voou por 11 dias sem parar. Esse exemplo demonstra como é necessário o equilíbrio do ecossistema para a sobrevivência desses animais, pois, segundo os pesquisadores da GFN, o animal pode morrer caso não haja alimento suficiente após voos longos.

Com os habitats ficando cada vez mais escassos, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu O Dia das Aves Migratórias. A data é para lembrar a humanidade sobre o impacto na natureza e o limiar que separa os animais migratórios da extinção.

Mas afinal, o que é migração?

A migração é um movimento que as aves fazem em bandos de mesma espécie. Eles se deslocam para áreas onde seja possível se reproduzir com mais segurança, normalmente longe de predadores e também para locais de alimentação, onde há abundância de alimentos para o bando todo. Para tanto, é preciso que esse movimento aconteça anualmente, de maneira cíclica.

Em resumo:

1 – Precisa que a população se desloque completamente

2 – Elas migram com um objetivo, que pode ser comida ou reprodução

3 – Mesmo as aves que têm forte senso territorialista têm esse estímulo inibido e migram, deixando seu território

4 – Acumulam gordura para armazenar energia

Como elas sabem quando migrar?

Os pássaros migram conforme certos estímulos. O professor de biologia Paulo Mascaredo explica que as aves das regiões mais frias migram quando a incidência de luz durante o dia diminui, indicativo de que a estação está prestes a mudar. Já os pássaros que vivem nos trópicos observam as florações. As aves recordistas de distância são do hemisfério norte, pois precisam se deslocar aproximadamente 20 mil quilômetros. Além do norte, há dois outros grupos, as do Hemisfério Sul e as Neotropicais. “As aves precisam ganhar muito peso antes de migrar, normalmente chegando entre 25% a 50% mais massa”, conclui.

Como elas não se perdem?

Paulo Mascaredo explica que esses animais utilizam um sistema de navegação extremamente complexo e refinado, que depende da observação atenta aos estímulos. “A maioria delas se baseia por meio do campo magnético da Terra, além da posição onde estão utilizando o sol como referência. Os odores também são importantes, assim como a posição das estrelas. “Por conta desse complexo sistema de localização que as aves usam, qualquer impacto ao meio ambiente pode ser catastrófico, como o vazamento de petróleo.

Aves brasileiras

Em 2018, o primeiro levantamento de aves migratórias brasileiras foi realizado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres. Ao todo, cerca de 10% de todas as espécies encontradas em território nacional são migratórias. O resultado foi menor do que se esperava. “No Brasil, a maior parte do território tem abundância de alimentos e por isso poucas aves precisam migrar. É normal que percam peso durante o inverno, mas diferente do que ocorre em outras regiões do mundo, mesmo no inverno há uma mínima disposição de alimentos”, afirma Paulo Mascaredo. O Brasil conta com 1919 espécies, sendo 198 migratórias, segundo o levantamento.

Algumas espécies que migram

Andorinha-chaminé

Erwin Nowak – Pixabay

Flamingo

Alexas Fotos – Pixabay

Quero-quero

Dr. Georg Wietschorke – Pixabay

Narceja

Vinson Tan ( 楊 祖 武 ) por Pixabay

Reportagem por Luiz Gabriel Correia Ely

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