A água da sua torneira é de qualidade?!

Segundo o site Mapa da Água, que é abastecido com o banco de dados do Ministério da Saúde, a Sanepar estava fornecendo aos consumidores, em 2019 e 2020, água com a substância bário acima do limite estabelecido como seguro pela Anvisa.

Segundo o site “Mapa da Água” (https://mapadaagua.reporterbrasil.org.br), nos anos de 2019 e 2020 a Sanepar forneceu aos consumidores da Lapa água com uma substância acima do limite de segurança, gerando riscos à saúde humana. A substância acima do limite é o Bário, que pelos parâmetros de segurança deveria estar em no máximo 0,70, mas chegou a 0,747 em agosto de 2019 e a 0,750 em agosto de 2020.

Segundo o site consultado pela Tribuna Regional, a água tratada pode carregar agrotóxicos e outras substâncias químicas e radioativas que são perigosas para a saúde quando acima dos limites fixados pelo Ministério da Saúde. O mapa revela onde ocorreu esse tipo de contaminação. As informações são de testes feitos pelas empresas de abastecimento que foram enviados ao Sisagua, banco de dados do Ministério da Saúde.

QUALIDADE

A água da chuva abastece os aquíferos e em contato com o solo e com as rochas, passa a ter características próprias. Fatores como região, fonte, temperatura e tipo de solo interferem nas qualidades químicas do produto. Mas, mesmo com essas peculiaridades, há um padrão estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Entre as várias substâncias que podem ser encontradas na água oferecida à população, está o Bário. De acordo com a Anvisa, ele faz parte do grupo de químicos prejudiciais ao organismo. Logo, deve aparecer em doses pequenas (bem abaixo de 0,7 mg/l e 50 mg/l).

NA SAÚDE

Em baixa dosagem, o bário atua como estimulante muscular. A ingestão de pequenas quantidades em curtos períodos de tempo pode provocar vômito, cólica estomacal, diarreia, dificuldade respiratória, alteração da pressão sanguínea, adormecimento da face e debilidade muscular.

Em altas dosagens afeta o sistema nervoso, causando irregularidades cardíacas, tremores, fraquezas e ansiedade. Quando em excesso no organismo, por ser vasoconstritor, pode causar hipertensão arterial, fadiga e doenças cardiovasculares.

Estudos toxicológicos indicam que nenhum risco significativo é causado à saúde humana pela ingestão de águas com concentrações de bário de até 7,3 mg/L, valor este definido como de nível de efeito adverso não observado. Sendo assim, considerando um fator de 10 para a variação intraespécie, a Organização Mundial da Saúde publicou o limite de potabilidade para o bário igual a 0,7 mg/L, também adotado pela Portaria 2.914 (MS, 2011) para água potável, e pela Resolução CONAMA 420 (MMA, 2009).

O QUE DIZ A SANEPAR

Sabendo da informação da contaminação da água, nos anos de 2019 e 2020, a Tribuna Regional entrou em contato com a Sanepar, fazendo os seguintes questionamentos:

– A partir da detecção de níveis acima do permitido, nos anos 2019 e 2020, da substância bário na água fornecida para a Lapa, quais foram as atitudes tomadas pela Sanepar para regularizar a questão?

– No ano de 2021 e atualmente, quais os níveis de concentração do bário na água fornecida pela Lapa?

– Em relação à toxidade do bário para a saúde humana, no caso de ser detectada a substância em quantidades acima do permitido, o que a Sanepar tem feito para minimizar os danos? E quais as orientações à população para que não tenham problemas de saúde em relação à água fornecida com estes problemas?

Em resposta, a Sanepar informou:

“A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) realiza 7,5 milhões de análises por ano, para verificar a conformidade de 109 parâmetros que estabelecem o padrão de qualidade de água segundo o Ministério da Saúde. Este controle é realizado, de acordo com cada parâmetro, a cada hora, diariamente, mensalmente e a cada semestre, seguindo o monitoramento definido pela Portaria de Potabilidade do Ministério da Saúde e com aprovação das Vigilâncias Sanitárias municipais.

Todos os resultados das análises laboratoriais de qualidade da água da Sanepar são monitorados por uma rede de saúde pública formada pela Vigilância Sanitária, Secretaria Estadual de Saúde e Ministério da Saúde. A Sanepar envia relatório dos resultados às Vigilâncias Sanitárias municipais, que recebem essas análises em primeira mão e alimentam o Sistema de Informação da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde.

Além desse sistema, as mesmas informações ficam disponíveis para a população no site da Sanepar no campo ‘Qualidade da Água’, conforme exigência do decreto federal 5440.

Outros parâmetros constantes na legislação de potabilidade podem ser solicitados pelo cliente diretamente nos canais de atendimento da Sanepar.

Não há registro de qualquer notificação ou intervenção de nenhum órgão de vigilância na área da saúde, nem nas esferas municipais, na estadual e na federal, que acuse qualquer omissão ou irregularidade da Sanepar na qualidade da água fornecida pela Companhia.

As análises servem para a empresa identificar os problemas, avaliar o alcance e definir as ações de correção, que são feitas para garantir a potabilidade da água fornecida pela Sanepar em cada um dos 346 municípios atendidos pela Companhia.

A Sanepar atua de maneira rápida e com medidas de curto prazo quando há qualquer identificação, ainda que seja mínima, de padrões fora do Valor Máximo Permitido (VMP) de qualquer substância. O VMP é definido em portaria pelo Ministério da Saúde.

O monitoramento da Sanepar é realizado em todas as etapas: desde a captação da água nos rios e poços, no processo de tratamento e na rede de distribuição.

A Companhia tem uma das maiores e mais modernas redes de laboratórios de análises ambientais da América do Sul, com credenciamento pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (CGCRE) de que seus processos são executados deforma precisa e de acordo com padrões de excelência definidos pela norma ISO/IEC 17.025:2017, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Esta norma é exclusiva para laboratórios de ensaio e calibração, além de certificação NBR ISO9001:2015, desde 1997.”

O QUE FAZER?

Segundo a resposta da Sanepar, não houve ocorrência de problemas com a água fornecida aos lapeanos nos anos citados na matéria. Acessando o link “Qualidade da água” no site da empresa, é possível ver que esta informação está lá, nos anos de 2019, 2020 e 2021. Diferente do que consta no site “Mapa da Água” que utiliza dados de testes feitos pelas empresas de abastecimento que foram enviados ao Sisagua, banco de dados do Ministério da Saúde.

Quem está falando a verdade?! Você, consumidor, que paga para receber a água em sua casa, está sendo lesado e tendo a sua saúde comprometida?

Fique de olho, cobre ações de seus representantes públicos. Você paga do seu bolso. E, neste caso, não é somente sua saúde financeira que está em jogo.

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