A Fonte do Quebra Pote, considerado um ponto turístico e cultural da nossa cidade, sofre com pichações.
Recentemente A Tribuna Regional realizou uma reportagem mostrando os espaços públicos e privados da Lapa que convivem com um problema crescente e contribui para a degradação visual do município: a pichação.
A pichação é resultado do ato de escrever ou rabiscar com spray ou tinta muros fachadas e edificações, uma prática comum em ambientes urbanos. Entretanto, conforme prevê o artigo 65 da lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), a ação é considerada crime e prevê pena de detenção de 03 meses a 01 ano, e multa pela prática. Caso o imóvel seja tombado, há um agravante na pena e ainda, se for mais de uma pessoa praticando, pode ser considerado associação criminosa.
A matéria exibida em junho de 2022 mostrou esse grande problema visual em nossa cidade. Basta um olhar mais atento para observar que alguns pontos como, imóveis particulares, ginásios, monumentos, paredes de terrenos baldios e até muros de casas estão degradados por causa da quantidade dessas pinturas irregulares. E de lá para cá, será que o problema foi resolvido?
Como notamos, achamos que não, pelo contrário parece que aumentou e nada foi feito pelo poder público. Essa semana um leitor entrou em contado com o pequeno grande jornal para fazer uma denúncia sobre a Fonte do Quebra Pote. Segundo o leitor que mora próximo ao local, a situação é bem complicada. “Sempre levo minha filhinha para brincar no parquinho e na quadra, mas a situação está feia demais, um local que era para ser de família está abandonado pelo poder público, a pichações para todo o lado do parque”, relata o frequentador do parque. Segundo ele, os pichadores atuam no local na maior cara de pau, sem medo algum. “Esses dias tinham duas adolescentes em horário de escola pichando o local, chamei a atenção delas, elas saíram correndo, mas fui desaforado”, comenta. Ainda segundo os frequentadores, o local atrai muitas pessoas, mas também atrai o lado negativo, que são as pichações e o uso de drogas.
A FONTE DO QUEBRA POTE
A Fonte do Quebra Pote foi utilizada como fonte de água para consumo de várias classes sociais na cidade. Ela recebeu, primeiramente como nome, “Fonte do campo”, mas acabou sendo conhecida popularmente como “Quebra Pote”. A história oral diz que este nome se referia ao fato de que meninos usavam estilingue e quebravam o pote das moças que vinham buscar água no local, destruindo os recipientes. Outra versão aponta que a rua que dá acesso à fonte era íngreme e muito lisa, e, por isto, muitos escorregavam e quebravam o “pote de água”.
Ainda no século XIX, Dr. João Candido Ferreira, médico sanitarista recém formado, investiga a causa de muitas doenças e mortes na cidade, e descobre que a fonte estava contaminada. Por este motivo ela foi desativada e esquecida, em 1889, logo depois da sua inauguração (há 2 hipóteses, que ela tenha sido construída em meados do séc. XIX e sofreu uma reforma em 1888, e outra de que ela tenha sido construída neste ano, que aparece inscrito em uma das pedras). Pesquisas arqueológicas mostram também, que mais tarde o beco foi usado para descarte de lixo doméstico, provenientes das residências de famílias mais ricas. Com o tempo, a fonte foi sendo soterrada, e ficou totalmente coberta por terra, desaparecendo da vista dos moradores da região, até ser redescoberta em 1970. Contudo, apenas em 2004 acontecem obras para que a fonte fosse desenterrada. No ano de 2008 acontece um trabalho de processo arqueológico no local, onde foram encontrados fragmentos de cerâmicas, louças holandesas, inglesas e chinesas, faianças finas, além de vidros e ferro. No ano de 2010, a antiga fonte do Quebra Pote, localizada na rua da Fonte- entre as ruas Tenente Henrique dos Santos e Duca Lacerda- foi restaurada com a construção de uma praça com quadra poliesportiva e parque infantil.
