ACAUTELAI-VOS

Jesus Cristo, por amor da nossa salvação, adverte: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós em roupagem de ovelha, mas por dentro são lobos vorazes” – Mateus 7.15.

Dar contas da vida junto às pessoas, no mundo hostil a Cristo é muito diferente do que viver recluso num espaço e local solitário ajuizado como religioso e piedoso segundo a carne e o sangue. Pensemos numa autoridade secular: mesmo que estivesse vestida e adornada de roupas ‘reais’, mas se é cristã, ela é pessoa tão torturada e miserável, que não existe igual em convento algum. Podes passar todos os ofícios e estados, e se queres encontrar uma pessoa cristã, tu não deves procurá-la entre as religiosas autofeitas, que se autovestem com roupas diferentes do povo em geral. Elas, no intuito de se fazer cristã, via obras, com base em sua norma e regra de fé autoinventa, estabelecem uma rotina diária mais pesada do que todos os portadores de vestes que tem por objetivo identificar-se com ‘certa ordem ou posição religiosa’. Sim, perante Deus todos os que vivem sua fé na reclusão ou que ficam ‘perambulando’ por aí vestidos de modo a parecer, ao povo em geral, que são gente mais santa e piedosa do que as demais, são, em verdade, doidice em comparação com uma criança, empregado ou empregada crentes, que fazem, obedientemente e com fidelidade, o que lhes é ordenado. Com base na Palavra, faze tu o que um homem cristão ou uma mulher cristã devem fazer e tens uma regra mais difícil do que todas as regras e ordens monásticas. Elas, que, não obstante, ocultam, não raro, lá e cá, antes, um ‘embusteiro’ do que um crente batizado, que, no chão da vida, vestindo, comendo, bebendo o que as semelhantes vestem, comem, bebem, procura, onde está, seguir ‘as pegadas’ de Deus, sendo um Cristo para a pessoa próxima.

A razão louca, porém, não dá atenção a isto e nada quer saber disto que Cristo é, Seu ofício, Seu Evangelho, o discipulado sob cruz e renúncia. Antes pensa: ora, isto é coisa comum, todo mundo o pode ter em sua casa. Aí vai à procura de outra coisa, de algo estranho e extraordinário: inovado pelas pessoas e por elas ajuizado como santo e piedoso. À vista de tais a gente de consciência engessada, enlatada, seduzida pela carne e sangue arregala os olhos, deixa levar-se pelo ‘estardalhaço’ piedoso de própria inventiva, que não passa de falsa aparência com a qual se apresentam e inflam a vida infrutuosa a tal ponto que todas as demais ordens e estados de Deus são desprezados e considerados sem valor. Triste que o ser humano, em todas as épocas, tempos e lugares, tenta se autofazer distinto da pessoa próxima em nome de palavra e fé autoinovadas. Isto, com certeza, acontece porque é a nossa única senão a principal falha que não levamos a Palavra de Deus a sério, do contrário, diríamos imediatamente: que se vão toda gente inconversa, diabos e anjos demoníacos. Pois, entre nós, em nome e por autoridade de Cristo, não conseguirão instituir estados e nem modos de vida melhores do que os que Deus mesmo ordenou. Por isso, o estado de marido, empregado ou empregada crente, ou de um fiel trabalhador cristão deve ser considerado um excelente e sublime estado divino. Então poderíamos fazer um juízo correto, segundo a Palavra, a respeito de todas as obras e estados, e cada qual poderia ensinar e viver, corretamente; e tudo transcorreria na mais perfeita ordem: para a honra e glória de Deus e em benefício da pessoa próxima. Estes são os verdadeiros estados que Deus criou e dos quais se agrada, do início ao fim da vida. E, pudera!, cheguemos à situação tal que em toda cidade tivesse muitos destes cidadãos crentes: mulheres, crianças, senhores, empregados, autoridades, pois aí teríamos muitos e diferente sinais concretos do Reino dos céus na terra, e não teríamos necessidade de lugares tidos como religiosos. Ademais, pela fé, condenaríamos o autoinovado jejuar, rezar e cantar o dia inteiro em busca de santidade. E, com na Palavra, faríamos o que o ofício e trabalho exigem, no chão da vida em que há tantas pessoas que sofrem não só porque somos pecadores por natureza, mas, também por causa da cultura, estado, estrutura infestada de avareza, ganância, fome e sede de poder, lucro, prazer à custa do sangue, suor e lágrimas de gente semelhante, que, como todas, também sente fome, frio, sede, calor.

P. Airton Hermann Loeve.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com