Aquele casal sentado no banquinho mais escuro, um querendo convencer o outro a ficarem juntos. A menina do interior, com exagero na maquiagem, mas a timidez estampada na face. O menino com seu pequeno brinquedo correndo pelo gramado. A vovó colaborando com os quitutes, junto com a filha e a neta. O bêbado da praça, sentado, meio desmaiado, num cantinho, ainda cantando. Os jovens em bandos procurando companhia e diversão. O fiel saindo da missa um pouco mais leve do que entrou. Em cada grupo de pessoas alguém contando uma história e rindo de coisas simples. Cada um desses retratos compõe a grandeza da festa popular, onde todo mundo é igual e nada mais importa.
Festa de Santo Antonio tem jeito de Lapa. Tem cara de tradição. Tem gosto de coxinha e quentão. Tem ruído de música boa. Tem a crença e a esperança no santo protetor. Tem a magia da ansiedade e da preparação dos detalhes para que todos se sintam em casa.
A tradição da comemoração popular persiste num mundo onde, cada vez mais, as pessoas estão olhando numa tela de celular e aproveitando ‘o mundo virtual’, enquanto o que passa ao seu redor não é percebido.
Afinal, qual a intenção deste texto? Simples: Mostrar que precisamos conservar e manter certos aspectos tradicionais de nossa comunidade, pelo simples fato de que essa tradição nos torna o que somos como cidade. Tudo isso somado ao caminhar pela Avenida, sorver uma cuia de chimarrão numa roda de amigos, caminhar até o monge na Quinta-feira-Santa, ler A Tribuna Regional sentando num banco de praça, tomar café na Zeni e falar mal da vida alheia, tornam a Lapa o que ela é.
Manter tradições e costumes fortalece uma comunidade, une pessoas e desperta talentos. E a Lapa é boa nisso.