Apenas animais

Volta e meia, nos fins de semana e feriados, saio com meus filhos e meus cachorros para passear um pouco. O mais comum, que a Cecília – minha filha de cinco anos – adora é ir ali no Quebra Pote, pois tem brinquedos, espaço para correr e ela sempre encontra alguma amiguinha. Meu filho, o Athos, apesar de já ter seus onze anos também aproveita e sempre encontra um ou outro amigo, mas ele faz mais o tipo “contemplativo”. Nem precisa falar da Mel e do Melado, meus cachorros, que ficam correndo pra todo lado – e frequentemente se enfiam até na área alagada do Quebra Pote. É um bom lugar, e todos se divertem.

Neste domingo, como costume, segui com os meus até lá. Mas desta vez não foi muito agradável. Chegando já encontrei um dos canteiros tomados por bitucas de cigarros. Ao atravessar a ponte, observei dos dois lados a quantidade anormal de lixo ali existente: garrafas pet, copos plásticos, pacotes de bolachas, de salgadinhos, enfim, lixo por todo lado.

Sentado na escadaria observando enquanto meus filhos brincavam observei ainda uma caixa de papelão em um canto e pacote de cigarros vazio ao meu lado.

A primeira reação foi de revolta com a Prefeitura. Onde estão os órgãos públicos que não fazem a manutenção do espaço??? Oras, se ao menos houvessem lixeiras por ali, me pareceu claro que as pessoas jogariam seu lixo no lixo. Mas dai observei o muro lateral da praça, coberto de pichações. Não só o muro, vários canteiros e escadarias, todos pichados. E pior: tentativas pobres de escrever frases inspiradoras, mas cobertas de erros de português.

Olhei para dentro dos canteiros e vi que muitos nem terra tem mais, e lembrei de um episódio, a não muito tempo, em que a prefeitura plantou ali algumas palmeiras fênix – plantas relativamente caras – e apenas alguns dias depois as palmeiras foram arrancadas e jogadas na grama, sem motivo aparente além do vandalismo.

Dai, voltando ao problema do lixo, repensei uma possível ação de nossa prefeitura: já existem duas ou três lixeiras pequenas, que sem um olhar atento passam até despercebidas. E se ali houvessem lixeiras maiores, em maior quantidade e mais visíveis, será que o povo iria utilizá-las ou apenas iria depredá-las? Quanto tempo durariam? Com base no que houve com as palmeiras e no caso da pichação, não dá pra ter muita esperança. Então não… não dá pra culpar a prefeitura…

Olhei todo o conjunto da praça e imaginei como estaria bonita se não tivesse sido detonada ao longo dos anos pelas pessoas (pessoas?) que a utilizam.

Enquanto isso, um grupo de jovens na faixa de seus 16 a 18 anos chega e senta próximo a mim. Uma das moças, bonita e arrumada, saca um maço de cigarro e acende um deles. Meus filhos, brincando, nem perceberam. Alguns minutos passados e já chegando em nosso horário chamo meus pequenos, e também a Mel e o Melado, para seguirmos o passeio. Quando a Cecília está voltando, a moça do cigarro termina de fumar e lança a bituca, que caiu na grama, onde minha filha esteve à instantes. Um dos rapazes terminando de comer um salgadinho sem nenhuma cerimônia larga o pacote ali mesmo, ao seu lado.

Seguimos o passeio e logo ali no “Pantheon dos Heroes” encontro um grupo grande de turistas sendo guiado pelo Marcio Assad, e fiquei pensando o que estes turistas pensariam sobre a Lapa e os lapeanos contemporâneos ao chegar em nosso Quebra Pote, naquelas condições.

Chegando na praça General Carneiro observei o Melado, que ao invés de seguir o caminho que meu filho queria que ele seguisse, optava por parar a todo momento em todos os canteiros para o famoso “xixizinho”. Realmente, cada animal marca seu território com o que suas capacidades permitem.

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