Aposentar? Como?

O Brasil está paralisado, e todos sabem o motivo. O gasto com previdência social é enorme, e precisamos urgentemente de uma reforma. A grande chance de transformarmos o Brasil numa Grécia é justamente não prestar atenção nessa reforma.

Aproveitando a temática de vida confortável na aposentadoria, tivemos a polêmica da Empíricus, com os vídeos da Betina – aquela que afirma ter transformado mil e quinhentos reais em um milhão em apenas três anos.

Lógico que é uma propaganda – bem forçada – e que precisamos dar o desconto necessário (que neste caso, é bem grande). Mas toda propaganda é um exagero – ou vocês acreditam que comprando margarina terão uma família feliz e manhãs perfeitas? Ou acredita que os sanduíches que aparecem nas propagandas de fast foods são iguais aos que são servidos?

Mas uma das coisas que fica visível com a tal propaganda da Betina é que realmente nós, brasileiros, não sabemos trabalhar com nosso dinheiro. A maior parte das pessoas vive endividada, com contas atrasadas, cartão estourado, e os poucos que conseguem juntar um dinheirinho, caem em contos do vigário como títulos de capitalização ou “investir” na compra de um carro. Alguns ainda optam pela poupança, que é melhor que as alternativas anteriores, mas ainda assim não rende nada.

Já a algum tempo tenho pesquisado sobre investimentos, e percebi que existem opções quase tão seguras quanto a poupança, e que rendem relativamente mais. A poupança rendeu ano passado uma taxa de 4,55%. Mas alguns investimentos rendem facilmente 12%. Se optar por algum risco, mas ainda de forma conservadora, consegue chegar em 15%.

Voltando à previdência, a discussão é quanto cada um deve ganhar, e claro, quanto tempo demorará para se aposentar. Mas questiono o sistema original: o que você paga hoje não vai para a sua aposentadoria. Não. Vai para pagar quem já se aposentou. Então quando você se aposentar, quem pagará é a próxima geração, seus netos. E o valor contribuído não tem muita relação com o que será recebido – ou melhor, até tem, mas sem muita lógica.

Se você for empregado e receber um salário-mínimo, pagará ao INSS 8% do salário, ou seja, cerca de R$ 80. Já se for autônomo e quiser recolher a guia mensal, pagará algo em torno de R$ 50 mensais. Detalhe que ambos ao se aposentarem receberão o mesmo salário-mínimo.

Mas se tivéssemos alguma educação financeira e aplicássemos mensalmente, durante os 40 anos de vida de trabalho, aqueles R$ 50 em investimentos como aquele que falei, com taxa de 12% ao ano, e lá no final, para garantir uma segurança a mais (e fugir do imposto de renda), mudássemos o investimento para poupança, garantiríamos uma renda mensal de espantosos R$ 2.200,00 – limpinhos. Isso mesmo: o cidadão contribuiria mensalmente com apenas R$ 50, e se aposentaria com mais de dois salários-mínimos. Se optar por contribuir com R$ 80, conseguiria uma renda de R$ 3.500 mensais. Com duas diferenças básicas: no primeiro caso, dos R$ 50, deixaria de herança para seus familiares pouco mais de meio milhão de reais. E se desejasse se aposentar mais cedo, digamos com 35 anos, ainda teria uma aposentadoria mensal maior que a do INSS – receberá R$ 1.200 mensais.

Parece mentira, mas é o que acontece em países como EUA, por exemplo. Quem nunca ouviu falar de fundos de investimento? Pois é… alguns destes tais “fundos de investimento” são justamente trabalhadores americanos que contribuem mensalmente para formar um bolo de dinheiro que compense contratar algum especialista que administre tudo, garantindo rendimentos que sustentem uma futura aposentadoria.

Não vou aqui falar para todo mundo sair como louco botando dinheiro em qualquer coisa que prometa retorno. Deixo isso para a Betina e para os que acreditarem nela. Mas o que quero frisar aqui é o desperdício de dinheiro que temos com o tal INSS, que além de caro para o cidadão, é mal administrado. Muito mal administrado. E claro, não dá o retorno devido à quem paga.

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