Esta expressão é conhecida em nossa região quando achamos que não haverá consequências para uma ação ou omissão de nossa parte. “Não dá nada” é um sinônimo de ignorância e tem o significado literal de que não haverá consequências para aquilo sobre o que estamos sendo perguntados.
Qual o motivo de trazer o “não dá nada” à baila neste texto? Porque é assim que vivemos e convivemos cotidianamente com nossos problemas e desafios. Quando achamos que podemos infringir um sinal de trânsito, quando podemos usar vagas preferenciais, quando podemos deixar de cumprir com determinadas promessas que fizemos anteriormente, “não dá nada” é a resposta mais correta e assertiva, mesmo que não seja correta e muito menos assertiva.
O “não dá nada” é usado tanto em nossos cotidianos quanto nos assuntos municipais, estaduais e também nacionais. São inúmeros os exemplos de descaso nos quais simplesmente deixamos de lado e não damos importância.
Exemplo recente foi à reconstrução da ponte entre Nova Roma do Sul e Farroupilha, ponte esta levada pelas enchentes monstruosas que assolaram o Rio Grande do Sul. O Estado estava se programando prá gastar o montante de 25 milhões de reais para construir um acesso àquele município que ficou ilhado sem a ponte. Enquanto isso a comunidade se reuniu, buscou entre os pares o recurso e construiu a mesma ponte por apenas seis milhões de reais. Um quarto do valor apenas. E a coisa aconteceu, pela iniciativa e esforço dos moradores.
Exemplo muito prático do “não dá nada” é o caso do Pedágio que vai voltar a ser cobrado na nossa rodovia. Foi muito fácil para todo mundo lavar as mãos e deixar com que outros se manifestassem para que a coisa não viesse a ser levada a cabo como era, no caso, com cobrança total para qualquer cidadão motorista que por ali passasse. Na hora que a água bateu na bunda, muitos tentaram aprender a nadar, mas daí a correnteza das burocracias já havia sido implementada e o “não dá nada” não servia mais para solucionar problema algum.
Louvável a ação das pessoas que se manifestaram contra o pedágio e também mais louvável ainda a ação das pessoas que buscaram há muitos meses e anos a solução e ação mais concreta para nossa comunidade. Mas, no fim, “não dá nada” prevaleceu, afinal, foram muitos os manifestantes, mas pouca a representatividade.
Devemos parar de pensar em nossos representantes políticos como solucionadores de problemas e pensadores incríveis. Devemos cobrar deles, mesmo que tenhamos consequências pessoais ao fazê-lo. Casos como o abandono do Patrimônio Histórico local, Cinema destruído, Parque do Monge abandonado entre outros assuntos sempre foram deixados de lado, ao estilo de “não dá nada”, como se, por um acaso do destino uma mão poderosa viesse a resolver todos os nossos empecilhos.
Caro leitor, chega de usar o ‘não dá nada’ para nossos problemas. Lidemos com eles, enfrentemos e busquemos soluções. Afinal, deixar de lado o que realmente importa acaba gerando consequências imensas no momento da resolução e, ao exemplo de Nova Roma do Sul, o custo sempre fica exponencialmente maior do que se as coisas tivessem sido resolvidas no momento que era necessário.
“Não dá nada” é a desculpa dos incompetentes. Não seja você, caro leitor, um deles.
