1.         TERMINADO O SERMÃO

“Depois que Jesus havia terminado esse discurso, o povo se encheu de espanto sobre sua doutrina, pois pregava com autoridade, e não como os escribas” – Mt 7.28-29.

Com estas palavras o evangelista de Jesus Cristo, Mateus, mostra o tipo de pregadores e mestres que eram os escribas e fariseus, a saber que tudo não passou de conversa fria, fútil e vã, que não enfatizaram nem destacaram os mandamentos de Deus seriamente e com vigor, do mesmo modo como, ao longo dos anos, os pregadores/as autofeitos nada mais assopram das suas bochechas senão o que coopera para seus interesses, que, em última análise, não faz e nem mantém ninguém justo em Cristo, ou como escreve o apóstolo Paulo, em sua apostolicidade: não torna pessoa nenhuma santa por graça divina mediante a fé em Jesus Cristo. Ele, Jesus Cristo, porém, atacou o que diz respeito à fé e à piedade, como jamais o haviam ouvido antes, mostrando-lhes a verdadeira doutrina e a verdadeira vida piedosa, e denunciou os vícios, de modo que todas as pessoas puderam sentir que este homem pregava com autoridade e que tudo era vivo e soava como se tivesse mãos e pés, e tiveram que confessar que aí se pregava de modo puro e correto, enquanto o que os outros faziam, não passava de conversa fiada e vazia, nada mais do que palavreado morto, porque Cristo não lhes era importante. Por isso, pregadores cristólogos, hoje, no exercício puro, legítimo e necessário do ministério da Palavra, lei e Evangelho, com prudência, pregam a respeito da graça de Deus, da fé em Jesus Cristo, de Jesus Cristo, por amor da salvação deles e de ouvintes crentes.

No todo do sermão ouvimos como Jesus Cristo, a segunda Pessoa da Trindade, insiste, duramente, nas obras, dizendo que os pobres de espírito haverão de herdar o Reino dos céus; que são os misericordiosos que haverão de alcançar misericórdia e, também, que serão recompensados no céu os que sofrem perseguição por causa dEle; e o que mais se encontra no final do capítulo 5: “Se amardes os que vos amam, que recompensa tereis?”, e quando fala da esmola, do jejum e da oração no capítulo 6: “Teu Pai, que vê no secreto, to recompensará publicamente”, etc. Já os insensatos e heréticos falsos pregadores da justiça da lei, que desde sempre estão mais interessados no seu estômago do que no próprio Cristo, Seu Evangelho, o Espírito, a fé concluem destas afirmações que entramos no céu e somos salvos por nossas obras e ações. Baseados nisto, constroem fundações de caridade, mantêm espaços tidos como mais piedosos e necessários para quem quer, assim o asseveram, de certeza, ser herdeiro da salvação eterna. Mas, não explicam e nem discernem o que é e o que não é piedade, e assim inovam fés, teologias, cultos com os mais diferentes nomes e fins antropológicos, logrando o povo que, no geral, não sabe discernir e nem separar, corretamente, lei e Evangelho. Triste.

A pergunta pelas boas obras é um tanto sutil e um assunto mais apropriado, concluem e asseveram alguns, para a universidade, entre os eruditos do que perante o simples povo sem muito acesso à formação pura: que tem como centro, fundamente e alvo a Jesus Cristo. Visto, porém, que o tema aparece tantas vezes no texto até aqui publicado, não posso e nem quero passar totalmente por alto e tenho que escrever algo sobre isto, pois é necessário que toda pessoa saiba algo sobre a diferença entre graça e mérito, porque os dois são incompatíveis. Onde se prega graça, com efeito, não se podem pregar méritos e o que é graça não pode ser mérito, do contrário “graça não seria graça”, diz Paulo em Rm 11.6. Sobre isto não há dúvida. Por isso, quem mistura, embaralha, enuvia os dois, confunde as pessoas e engana a ambos, a si mesmo/a e aos seus ouvintes / às suas ouvintes. O que eu não quero e nem vou fazer. [Segue]

P. Airton Hermann Loeve.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com