Poucas semanas restando para as eleições, e o cenário que está se armando é bastante preocupante. E não pelo que o próximo presidente fará ou deixará de fazer. Estamos falando de sua legitimidade.
No Brasil sempre tivemos o grupo favorável à Lula e ao PT, um grupo contrário a este primeiro, um grupo que acha que tanto um quanto outro são falhos e tem como melhor política votar nulo ou em branco, e finalmente aquele grupo que tenta verificar qual dos dois lados tem mais credibilidade para aquele momento da política.
O grupo petista sempre foi militante, e neste sentido, sempre foi engajado nas campanhas. Todos os demais apenas “iam na onda”. Mas isso começou a mudar nos últimos anos, com todos os protestos que o Brasil teve: o grupo anti PT virou militante. Faltava apenas um líder, que agora se materializou na figura de Bolsonaro.
Não quero aqui discutir quem é melhor ou pior, nem os erros ou acertos, nem quem mente ou rouba mais. Pelo menos não neste momento. A questão aqui é a divisão dos brasileiros. Agora temos dois grupos militantes, e bastante aguerridos.
O que quero lembrar é que na situação do Brasil, precisamos de alguém que una todo o povo, e claro, que faça as reformas necessárias para entrarmos nos eixos novamente. Mas para isso o novo presidente precisa ter legitimidade – algo que o atual não tem.
Imaginava-se que com uma eleição, isso seria resolvido. Mas agora temos cerca de um quarto da população que considera que “eleição sem Lula é fraude”. Isso quer dizer que qualquer que seja o resultado (a menos que Haddad vença), será considerado por este grupo como um embuste, e teremos um em cada quatro brasileiros dizendo que está tudo errado (mesmo que o futuro presidente esteja acertando).
Mas temos outro quarto de população que está engajada pró-bolsonaro, e esta, caso ele não vença, já fala na questão das urnas eletrônicas e a conhecida falta de transparência no processo de votação. Em outras palavras, teremos também problemas.
A reação do grupo da esquerda já conhecemos: invasões, depredações, bloqueios de rodovias, etc. Para a nova militância ainda não temos um padrão de comportamento, apenas casos isolados de alguns exaltados, que claro, são tomados como regra pelos opositores. Mas não acredito que teremos menos protestos num governo petista do que já tivemos nos últimos anos.
Claro, ainda temos os outros dois grupos – o do “não quero saber”, que considera tudo errado e não participa em nenhum dos lados, e, portanto, acaba sendo irrelevante no processo, e o grupo que varia opinião conforme a situação. E esse grupo será o “fiel da balança”.
Acompanho política desde as eleições de 89, e nunca vi o Brasil tão dividido, e com opiniões tão conflitantes e belicosas. Será que não estamos caminhando para uma guerra civil? Talvez não chegue nesse extremo, mas acho que teremos problemas.
Para quem acha isso absurdo, basta lembrar que a situação política em países periféricos como o nosso pode deteriorar bastante rapidamente. A Argentina já foi primeiro mundo e em menos de 50 anos se acabou. A Venezuela era o destino de imigrantes brasileiros na década de 90, devido a sua pujança econômica, e em menos de 30 está na situação atual. Então podemos ter uma deterioração rápida aqui no Brasil também.
Guerra civil em curso?
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