Liberdade versus Igualdade Econômica

A algum tempo uma aluna minha do Colégio Agrícola aqui da minha cidade veio comentar que iria participar de um protesto contra a desigualdade no Brasil. Desigualdade econômica, óbvio.

Perguntei-a porque ela achava que era ruim existir desigualdade econômica e ela me devolveu com um olhar daqueles que diz: “Será que esse cara é idiota?”. Mas insisti, e perguntei se devíamos lutar por igualdade das notas na classe, mesmo tendo níveis diferentes de esforço e empenho. Como ela era uma boa aluna (hoje já está formada), claro que foi contra a igualdade das notas, pois percebeu que sua nota iria diminuir. Ai perguntei: e porque era contra a desigualdade econômica? Acho que fiz a garota pensar.

De toda forma, quem primeiro levantou essa dualidade entre liberdade e igualdade foi Alexis de Tocqueville, em 1835. Ele percebeu que países que primavam pela liberdade antes da igualdade tinham desenvolvimento mais acelerado que os demais.

Em locais onde se priorizava a igualdade o resultado obtido era sempre nivelar por baixo a renda da população. Porque isso?

Basicamente, para você garantir liberdade o Estado necessário será uma estrutura enxuta, necessitando garantir a paz e cumprimento de leis, apenas. Para garantir igualdade, o Estado terá que gastar incentivando os menos capazes, e criar regras boicotando os mais capazes.

Perceba que para um Estado garantir a igualdade terá que gastar mais, portanto, terá que recolher mais impostos. Estes impostos são retirados da população, que perde recursos que poderiam ser usados para ampliar suas economias. Também, quem produz mais se sentirá desmotivado, e passará a produzir menos.

Mais igualdade é o mesmo que Estado Maior, e claro, menos liberdade. O inverso também se aplica.

Numa situação de liberdade, quem produz mais irá se sentir motivado e no rastro de seu crescimento irá fazer com que outros cresçam, ampliando o  desenvolvimento.

No século XX tivemos várias situações para comprovar esse pensamento. Economias que abraçaram o capitalismo, onde a liberdade é fundamental, conseguiram se desenvolver. Já economias que tentaram garantir em maior ou menor grau a igualdade tiveram dificuldades.

Com o fim da URSS, onde imperou a filosofia comunista que privilegia a igualdade acima de tudo, foi possível perceber a diferença. Na época, os cidadãos mais ricos da URSS não passavam de classe média, comparados com países mais liberais, como EUA.

Outros países onde a liberdade imperou foram Alemanha, Canadá, Austrália, Japão, Coréia do Sul, Hong Kong, e mais recentemente, o Chile.

O Brasil teve lampejos de liberdade misturados com lampejos de igualdade… até hoje não decidiu para que lado vai, e a julgar pela educação atual a tendência é priorizar a igualdade.

Este duelo entre igualdade e liberdade também tem seu lugar no campo moral, mas neste ponto, a igualdade não é tão maléfica quando comparada com igualdade econômica. Falaremos mais nas próximas edições.

 

*Dartagnan Gorniski é proprietário do site www.floramonteclaro.com.br  e professor. É Engenheiro Florestal, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Especialista em Certificação Ambiental e Licenciado em Matemática, e nas horas vagas dá palpites sobre tudo o que vê pela frente.

 

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