Naqueles tempos

Apesar de não ter idade para lembrar tanto do passado, algumas coisas marcam a nossa história.

Uma das coisas que meus familiares mais gostavam era de aproveitar o parque do Monge. Como meu pai era proprietário da lanchonete na década de 80, eu e meus irmãos nos criamos brincando naquele imenso quintal verde.

Durante a semana os dias eram preguiçosos e convidativos. Íamos à piscina do monge, andávamos até o Cristo e, sem muita segurança envolvida, conhecíamos todas as trilhas que desciam e subiam às principais pedras do “Perau do Monge”. Quantas vezes saímos para brincar e nos entretínhamos tanto que ao voltar ganhávamos aquela surra de ‘vara de marmelo’.

Aos finais de semana era comum ajudarmos (ou não) no atendimento aos visitantes, turistas e romeiros que subiam ao Parque. A devoção por São João Maria era uma coisa imensa, trazendo excursões e mais excursões de todos os lugares do estado, mas principalmente de Santa Catarina, onde a cultura e crença nos milagres do Monge da Lapa são maiores.

Era nos finais de semana que ficávamos mais livres, visto que nossos pais não podiam nos atender durante o dia, tamanho o movimento dos turistas na lanchonete. E quando o gato sai, os ratos tomam conta, dizia meu pai. Quando não tínhamos os olhos dos pais em cima da gente, aí sim podíamos aproveitar aquele parque.

Jogar bola, subir nas árvores, matar passarinhos, encontrar trilhas mais difíceis, sentar na beirada do penhasco, tudo isso era normal nos nossos finais de semana. Ainda dava prá ganhar um troquinho dos turistas mais curiosos, aos quais ensinávamos as ‘manhas’ do lugar.

Lembranças boas. Nostalgia pura.

Sinto saudades desta época e me ressinto pela infância e juventude dos dias de hoje. Como pais e responsáveis, estamos protegendo demais nossas crias.

A redoma invisível de proteção na qual colocamos nossas crianças não vai deixar memórias e saudades consistentes no futuro. Que tipo de pais nossos filhos serão se não saberão nem fazer um carrinho de rolamento ou uma pipa?

Que tipo de convívio social esses jovens terão, se não conseguem conversar entre si pessoalmente, somente através da telinha do celular.

Não sei e não vou conjecturar a respeito disso. Só penso que a humanidade ganhou muito em tecnologia e perdeu em convivência.

É duro dizer que estamos mais próximos de todos, mas ao mesmo tempo estamos sempre sozinhos.

Este texto é apenas um desabafo de um cara saudosista, nada mais.

 

Please follow and like us:

Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com