A algumas edições falei sobre o problema do ensino em nosso País, que vem decaindo a cada geração. Semana passada foi notícia um levantamento do “Instituto Paulo Montenegro”, chamado “Indicador de Alfabetismo Funcional”. Inclusive noticiamos aqui nas mini notas.
O levantamento é facilmente localizável pela internet, em formato PDF. Basicamente criaram cinco categorias de alfabetização, conforme as capacidades da pessoa. O analfabeto absoluto que não reconhece letras e símbolos é o primeiro nível. O que conhecemos por analfabeto funcional, aquele cidadão que conhece as letras, sabe ler e escrever, mas não entende o que leu ou escreveu, é classificado como “Rudimentar”.
Assim, evoluindo, temos o nível “Elementar”, “Intermediário” e finalmente, o topo da lista, o “Proficiente”. As exigências para pertencer a um ou outro nível ocupam bastante espaço, e quem se interessar, sugiro ler o documento. Estes dados estão bem no começo, na página 5.
A boa notícia é que temos poucos analfabetos absolutos – apenas 4%. Mas isso não é bem uma vitória, porque temos nada menos que 23% da população como analfabetos funcionais – o nível “Rudimentar”. Já de inicio podemos dizer que quase um quarto do dinheiro gasto com educação foi literalmente jogado no lixo, pois falhou com estas pessoas.
Não pode piorar? Pode sim. Avaliaram qual a formação destes 23% de analfabetos funcionais, e descobriram que um a cada cinco tinha concluído o segundo grau. E uma pequena parcela, mas ainda assim vergonhosa, tinha concluído ensino superior.
A grande maioria da população brasileira – 42% – está no nível “Elementar”, que é exatamente o meio do caminho. Estranho, uma vez que se a média para passar é 6 pontos, espera-se que o aluno saiba NO MÍNIMO 60% do conteúdo. O levantamento indica que nossos alunos aprendem menos que isso. Mais um fracasso da política educacional.
Pela normatização do ensino brasileiro esperar-se-ia que uma boa parcela da população fosse pelo menos “Intermediária”, que é o segundo nível mais alto, e claro, uma quantidade razoável fosse “Proficiente”. Não… Nada disso. Apenas 23% chegam ao nível intermediário, e míseros 8% ao nível proficiente. Com isso podemos dizer que nosso sistema educacional só atende realmente 1 a cada 3 cidadãos. Mas mesmo assim, consome fortunas.
O estudo faz um comparativo também sobre o nível do alfabetismo quanto a sexo e raça. Ai temos uma boa notícia: o Estado não discrimina ninguém e falha em educar independente de raça ou sexo.
Interessante ver o estudo quando relaciona o setor de serviço que a pessoa trabalha com o grau de instrução. Temos de tudo, até analfabeto trabalhando com educação, mas percebem-se algumas tendências. Profissões ligadas ao comércio, turismo, administração e finanças, educação, transporte, gestão pública, prestação de serviços, informação, artes e ciências, tendem a atrair mais as pessoas com maior proficiência.
Já serviços domésticos, construção civil, agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura são as atividades que mais atraem pessoas com pouca proficiência.
Atividades industriais e também serviços de saúde e assistência social atraem na mesma proporção analfabetos e proficientes.
Isso quer dizer que além de falhar na educação, o Estado ainda determina qual o tipo de trabalho cada cidadão poderá se habilitar. Triste, não é?