O acirramento de posições políticas

Há alguns anos, ainda quando morava em Joaçaba/SC, fiz um curso de gerenciamento de pessoal. Uma das técnicas que aprendi foi a “PNP”. Na prática, é uma forma de fazer com que uma mensagem negativa – mas necessária – seja realmente absorvida pela pessoa que a está recebendo.
A ideia da técnica é a seguinte: quando você começa uma conversa com uma crítica, o ouvinte se fecha mentalmente, criando gatilhos mentais de defesa, do tipo “esse cara não entende nada”, “não é bem assim”, e assim por diante. Com isso, sempre que você vai apontar um defeito na conduta, postura, conhecimento ou ação da pessoa, mesmo com a intenção de critica construtiva, para que ela melhore, se chegar falando diretamente a crítica o efeito será reduzido.
Por isso antes de apontar o ponto negativo, você analisa e prepara primeiro um ponto positivo da pessoa, e começa o assunto elogiando. Isso faz com que a pessoa se abra mentalmente à nova informação – “oras, ele está me elogiando, então ele sabe das coisas”. Depois de ter apontado o ponto positivo, ai sim você entra com o negativo – a crítica.
Mesmo assim, como algumas críticas podem parecer pesadas à pessoa que a recebe, você também deve terminar o assunto com um segundo ponto positivo sobre ela. Assim, para dar “feedback”, você aponta um ponto positivo, um negativo, e termina com um positivo. Esse é o significado de “PNP”.
Isso tem também um efeito secundário, pois ao se obrigar a pensar em dois pontos positivos para a pessoa, você também pode acabar percebendo que o ponto negativo nem é tão negativo assim.
Mas porque estou tocando neste assunto? Estou vendo nas redes sociais uma verdadeira batalha entre eleitores de diversos candidatos, e percebi que se não usarmos essa técnica nunca teremos um país unido novamente. Calma, não estou falando para aplicar o PNP nos candidatos. Mas sim nos eleitores.
Os maiores ataques estão sendo nos eleitores do Lula e do Bolsonaro. Eu pessoalmente não conseguia entender como alguém ainda pode querer votar no Lula ou em alguém do PT, mas numa pesquisa rápida, percebi que pelo menos uns 20% dos meus alunos apoiam. E todo professor tem aqueles alunos mais espertos e outros não tanto. A surpresa é que nesses 20% temos também gente esperta – e claro, os nem tanto.
Dai comecei a conversar com alguns, e percebi que todos querem para o Brasil o mesmo que eu. Só que analisando a história das suas famílias, sua origem, suas lutas, acaba fazendo sentido eles estarem nesse espectro político. Não estou dizendo que estão certos (se é que existe certo e errado em política), mas sim que se eu tivesse o mesmo histórico, talvez tivesse a mesma posição.
Isso também se reflete nos votantes de Bolsonaro. E você percebe neste caso também um histórico similar das famílias. Claro, podemos aplicar a mesma lógica no povo da Marina, Ciro, Alkmin, etc, mas estes não tem o mesmo nível de engajamento nas redes sociais.
Mas dai você vai verificar a troca de ideias entre os grupos, e percebe que apesar de todos estarem buscando a mesma coisa, tem meios diferentes de alcançar o objetivo. Mas na hora de discutir o assunto – normalmente em redes sociais – os tratamentos tornam-se todos de baixo calão. E isso é bastante comum… eu mesmo já fiz isso.
Oras… se aplicarmos o PNP nesta situação, ao chegar e afirmar que todos os eleitores de um candidato são estúpidos, qual o gatilho mental que você aciona? O de defesa. E com este gatilho, ao invés de se fazer entender, vai acirrar ainda mais a desunião.
Será que não está na hora de procurarmos os pontos positivos nos demais, tanto para nos fazer entender melhor quanto diminuir nossa belicosidade?

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