Semana passada tive uma certa decepção. Assisti o primeiro debate entre os presidenciáveis. E sim, foi decepcionante. Mas não o baixo desempenho dos candidatos e nem seu despreparo. Isso eu já esperava. O problema é que assisti o debate e durante toda a semana procurei alguém para conversar sobre o assunto, e percebi que a maioria não havia assistido e pior, não estava nem um pouco interessada no assunto.
Oras. Tudo bem que estamos nessa crise toda pelo desempenho de nossos políticos nas últimas décadas. Também aceito o argumento que para todo o lado existe gente com nome sujo na praça, sem distinção de partido político. E claro, aceito a justificativa do desânimo com a política.
Mas não consigo aceitar o abandono do tema. Pelos simples fatos da formatação que estas eleições estão tomando e pela situação que nosso país está, é preciso pensar sim no que virá no próximo ano.
E diferente do que se pode afirmar, temos candidatos com perfis bastante diferentes disputando a vaga presidencial. Temos o grupo que defende a continuidade da política anterior petista, com todos os seus méritos e defeitos. Temos o grupo que defende a manutenção dos privilégios (ainda que isso seja disfarçado e não falem sobre isso). Outros dois ou três grupos que defendem mudanças drásticas nas políticas econômicas, cada um de uma forma. E assim por diante.
Qualquer um que ganhar terá problemas para implantar seu programa por não ter maioria no Congresso, menos um, que se ligou ao centrão podre da política. Então sim, a possibilidade de mudanças drásticas no Brasil é reduzida, mas sempre poderá acontecer alguma coisa que afete nossa vida. Pra melhor ou para pior.
Então realmente a falta de interesse é prejudicial. Mas ainda nos remete a pensar que essa massa toda que não se interessa ainda está esperando o inicio oficial da campanha, quando iniciarão os programas de TV. Em outras palavras, talvez seja o público que ainda acredita em manchetes de telejornais, e não vai a fundo tentar saber a verdade. E sim, já estamos recheados de fake news televisivas, prejudicando alguns dos candidatos e beneficiando outros. Em outras palavras, talvez seja o público que se comporta bovinamente, obedecendo aos comandos das cúpulas televisivas, lá em São Paulo ou Rio de Janeiro.
Se isso realmente tiver peso, mesmo em tempos de internet, significa que merecemos ser tratados como gado, e que o Brasil é sim uma imensa fazenda de produção de impostos. Apenas isso.
E veja bem: não estou dizendo que você deve escolher esse ou aquele candidato. Estou dizendo que deve sim conhecer seu candidato, ou no mínimo, se decidir não votar em algum candidato, verificar antes se o que se fala dele é verdade ou mentira. E se você leu esta coluna, significa que gosta de leitura – o que não podemos falar, infelizmente – da maioria dos brasileiros. Mas se gosta de leitura, quer dizer que em teoria tem um nível de entendimento e interesse maior que os demais, portanto, acaba sendo sua obrigação moral escapar do papel de gado para tentar no mínimo ser um boiadeiro, tentando despertar mais interesse nessa população passiva.
Realidade decepcionante
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