É interessante analisar como cada um de nós reage ao frio intenso que nos visitou durante esta semana. Muita gente reclamando das temperaturas extremamente baixas, enquanto outros se regozijam com a chegada das frentes frias.
É um bom paralelo para pensar na sociedade como um todo, hoje com acesso às redes sociais e aplicativos de mensagem. Cada um gosta de que outros concordem com o seu ponto e, se não o fazem, são considerados inimigos. Se gosto do frio e afirmo isso em público, aparece aquele que não gosta e começa a discutir. O fato é que nem eu e nem meu interlocutor temos a intenção de convencer o outro, apenas queremos mostrar o nosso ponto, sem querer entender a contraparte e, muito menos, pensar se estamos certos ou errados.
O exemplo do frio pode parecer bobo, mas é assim com qualquer assunto. Quando vamos às redes sociais, necessitamos do interlocutor para discutir, ou então de uma legião de pessoas que pensem igual a nós. Se não tivermos resposta, nos sentimos pequenos e incompreendidos.
A busca por aceitação na era digital é uma falsa sensação de aceitação. Quando opinamos em nossos murais, queremos que mais pessoas concordem com aquilo e nos sentimos o máximo por sermos os primeiros a falar daquele assunto.
Passou o tempo, onde era gostoso viajar pelos olhos dos outros usuários, através das suas fotos, onde era divertido fazer piada nos murais e receber outras piadas como resposta.
Estamos cada vez mais fechados nas nossas conchas e não conseguimos sair disso, pois nos alimentamos de likes e compartilhamentos como um animal carnívoro se alimenta de outros seres menores. Se não conseguimos o retorno, nos sentimos vazios, como que com fome e ansiosos por este alimento do ego.
Diversos males e transtornos mentais estão surgindo e teremos em breve muita gente viciada em internet, que deverá fazer tratamento semelhante a um dependente químico para se ver livre daquela fissura e necessidade de postar.
É duro dizer que nossos filhos estão sendo criados desta maneira, pois ainda não sabemos se este acesso ilimitado à internet é benéfico ou maléfico. Nem nós, como pais, sabemos disso e também achamos o máximo quando nos curtem nas redes sociais. É o exemplo que damos a eles que fará grande parte do que eles serão no futuro.
Somos animais sociais, que precisam e se alimentam de opiniões. Alguns alimentos são mais doces, outros mais amargos, mas a grande maioria consegue nutrir o organismo. Porém, não podemos viver só com doces ou só com salgados.
Enfim, prefiro o frio ao calor.