4. SE PERDOARDES…

Jesus Cristo disse, sem se equivocar e sem engano nas palavras: “Porque se perdoardes aos homens as suas faltas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas faltas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas faltas” – Mt 6.14-15.

Quem, porém, não quiser aceitar, com fé presente, o que Cristo aqui prega, doutrina, ensina tem que ser e permanecer, com certeza, uma pessoa que não é cristã, principalmente, quando ouve e é conscientizada acerca de tal graça e a reconhece, e, não obstante, continua obstinada, altiva, prepotente e teimosa a tal ponto de não querer perdoar. Com isso, tal pessoa, inegavelmente, perde a ambos, Batismo e Sacramento e tudo o mais, em seu benefício e proveito, de uma só vez. Pois estão todos interligados, de modo que quem tem um deles, têm a todos, ou não ficará com nenhum. Pois se ela foi batizada, também deve buscar e receber o Sacramento; quem solicita e recebe o Sacramento com fé presente, também precisa orar; e quem ora, também tem que perdoar, etc. Entretanto, se você não perdoa, está diante de uma sentença terrível: seus pecados não serão perdoados, mesmo que esteja entre pessoas cristãs e participe do Sacramento e outros dons e dádivas da cristandade; estes, ao invés, somente lhe serão tanto mais prejudiciais e condenatórios.

Para nos estimular tanto mais, Cristo também usou de palavras gentis e amáveis, dizendo: “Se perdoardes às pessoas as suas faltas”, etc. Ele não diz: sua maldade e malandragem, ou arbitrariedade e ultraje, etc. Pois ‘falta’, aqui, no original, significa aquele pecado que acontece mais por fraqueza ou ignorância do que por maldade, altivez, prepotência, soberba. Por que minimiza e diminui o pecado da pessoa próxima desta forma, quando vemos, muitas vezes, que alguns pecam propositadamente, por puro desaforo e má intenção? Jesus Cristo o faz para arrefecer a sua ira, para lhe abrandar de modo que perdoes de bom grado, procurando, antes, tornar o seu coração doce e amável, ao invés de fazer o pecado do tamanho que ele tem em si. Pois, perante Deus, ele é e será tão grande a ponto de merecer a condenação eterna, fechando o céu, mesmo que se trate de pecado insignificante, apenas uma fraqueza que a outra pessoa não reconhece ou pelo que não lhe pede desculpas.

Jesus Cristo, porém, não quer que você e eu encaremos os pecados como são em si, pois não nos cabe punir os pecados, mas perdoá-los. Você, ao modo do Evangelho, deve pensar assim: mesmo que seu próximo / sua próxima tenha procedido contra você por maldade, ele /ela, não obstante, está enganada, presa e obcecada pelo diabo. Por essa razão, você deve ser pessoa bondosa e ter tanto mais misericórdia dele/a, porque está subjugada pelo diabo. De modo que, no que diz respeito ao diabo, que lho insufla, o pecado é grande e imperdoável mediante nossas boas obras, méritos, dignidades. Mas no tocante ao ser humano, que seja considerado uma falha e fraqueza. O próprio Cristo também agiu assim para conosco, ao orar na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). Desse modo, é minimizado e diminuído nosso pecado, o qual em si é o maior de todos que jamais aconteceram sobre a face da terra. Pois qual seria o pecado maior do que torturar e matar da forma mais vergonhosa o Filho único de Deus, na cruz? No entanto, você deve interpretar essa falta e fraqueza de modo tal que a pessoa próxima que pecou contra você, o reconheça, deseje perdão e pretenda corrigir-se, de bom grado. [Segue]

 

 

 

Please follow and like us:

Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com