O grito dos idiotas

“O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”. Essa é uma afirmação do conceituado Humberto Eco, escritor e filósofo italiano. Ele afirma que as redes sociais dão o direito à palavra a uma “legião de imbecis” que antes falavam apenas “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”. Ele continuou afirmando que “normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra de um Prêmio Nobel”.

Podemos contestar essas afirmações de diversas maneiras, como também podemos caracterizar o escritor como preconceituoso e insensível, mas nada tira a verdade embutida nas palavras proferidas. Podemos rebater a citação acima com a frase de Evelyn Beatrice Hall, que diz “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”. Entramos agora numa contradição.

Liberdade de voz ou comedimento nas opiniões? O que é mais importante e, principalmente, o que mais contribui com o crescimento da sociedade no entorno?

Impedir o imbecil da aldeia de se expressar soa muito com censura, mas existe uma coisa que se chama “convívio social”. São certos parâmetros e convenções não escritas que nos ensinam como nos portar e, principalmente, como tratar as outras pessoas. Opinar sobre determinados assuntos, mesmo sem conhecimento, faz parte do conceito de uma sociedade democrática. Incomoda e muito a agressividade com que esses ‘opinadores’ expressam as suas verdades.

Se torna muito simples sentar no sofá de casa e postar uma senhora crítica a determinado assunto. É cômodo, prático e, podemos dizer, indolor. Como o isolamento da internet nos dá a sensação de segurança, acabamos falando mais que o necessário e, muitas vezes, nos sentimos livres para ofender, achando que estamos certos. Essa impessoalidade da rede social nos passa a impressão de total liberdade. Aí é que mora o perigo.

Impedir as pessoas de opinar não é uma atitude legal. Mas prá isso existe um remédio bem popular. Chama-se “semancol” e você pode tomar em doses homeopáticas aprendendo a respeitar os outros e tomando noção da sua própria falta de cultura. O mais sábio de todos é aquele que não sabe tudo, já o idiota é aquele que acha que sabe, mas não sabe.

O direito de expressão é sagrado. Mas também é sagrada a importância de nos expressarmos de forma lúcida, concisa e, principalmente, cordial. Dá prá contestar qualquer coisa usando as palavras certas. Xingar, reclamar, berrar e gritar sem participar e sem conhecer do assunto, isso sim é burrice. Hoje e sempre.

 

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com