Na sexta-feira passada, 17 de março, a Lapa viveu uma situação bastante “surreal”, pode-se dizer. Não tanto pela deflagração da Operação Carne Fraca chegar ao município, mas por conta de condutas praticadas aqui (aliadas às demais investigadas) terem um efeito tão devastador na economia nacional.
Esta é a prova de que a corrupção, em qualquer nível, em práticas pequenas ou grandes, é devastadora e afeta, sim, o seu cotidiano. É a prova, mais do que real e palpável, de que aquele eleitor que se vende na eleição é culpado pela situação vergonhosa da política nacional, da situação deplorável da saúde, da educação, da previdência…
A repercussão da Operação também demonstrou como o brasileiro precisa, ainda, aprender muito. Várias pessoas comentaram, comemorando, a queda da rentabilidade das empresas envolvidas. Esquecem eles que o prejuízo dessas empresas também é prejuízo nosso, da sociedade, dos cidadãos. Basta ver que houve demissões por conta da Operação.
Não quero aqui defender as empresas, dizendo que estão corretas, que são isentas. Não é isso. É preciso cobrar que sejam investigadas com rigor, e punidas, efetivamente, as que estiverem agindo de forma irregular. Mas, também é necessário pensar em sua relevância para a economia do país. Para a economia da Lapa, também.
Quantas famílias dependem destas empresas? Quantos empreendimentos dependem da renda destas famílias?
Não é ter pensamento alarmante. Mas, é preciso avaliar o impacto que a Operação terá no município. Com certeza, haverá algum. Grande ou pequeno, ainda não é possível dizer.
Há os que comemoram o fato das empresas envolvidas terem sido “pegas”. Há os que comemoram a prisão dos envolvidos. Culpados ou inocentes, cabe ao Judiciário avaliar.
Agora, o que nós, cidadãos, precisamos fazer é ajudar o país a ser realmente um território sério. Porque isto, infelizmente, está longe de ser realidade. Não é sério porque o brasileiro ainda comemora a desgraça alheia, quando deveria, efetivamente, se preocupar com a conduta dos investigados. Se preocupar com a conduta e fiscalizar, exigir seriedade nas ações.
Ainda, em tempo, deveria tentar avaliar não só o resultado da Operação. Avaliar o que levou o denunciante a coletar as provas e levar à Polícia Federal. Foi, somente, questão de conduta correta, idônea e ilibada?! Ou há algo mais que o motivou a agir? Isso tudo não desqualifica, em nada, o resultado da Operação. Mas, evita, com certeza, que se tornem heróis alguns.
O mundo não é cor de rosa. Ninguém é santo. As coisas, na realidade, não funcionam como na teoria. É preciso refletir. E é preciso agir, realmente, como cidadãos. Os resultados afetam o seu cotidiano.
