Quem nunca furou uma fila que atire a primeira pedra

Políticos e mais políticos sendo denunciados por corrupção. Justiça brasileira trabalhando para punir os corruptos. Acordos de delação e leniência sendo assinados, depoimentos de todo mundo, detalhando o “mundo como ele é”. Delatores sendo tratados como autoridades, justas e sinceras em seus depoimentos, falando com promotores sedentos de informação.  A boa impressão de que Marcelo e Emílio Odebrecht estão colaborando de boa vontade nas investigações, mostrando até humor e simpatia em seus depoimentos. Fato marcante.

Vamos voltar ao início.

Toda a corrupção que se apresenta nas mais diversas escalas de governo só acontece porque existe alguém da iniciativa privada que é parceiro, o que significa que, sim, também é corrupto. As delações não mostram pessoas boas abrindo a “Caixa de Pandora”. As delações são acordos firmados entre criminosos e a justiça para reduzir as penas. Ledo engano pensar que as colaborações destes empresários são voluntárias. Se não houvesse ameaça legal a estes delatores, não haveria delação.

Partindo do princípio de que a iniciativa privada também participou dos golpes contra o patrimônio público, podemos afirmar que o governo é apenas um reflexo do mundo real, onde um cliente que recebe troco a mais não devolve e todo mundo quer levar vantagem no dia-a-dia, usando de jeitinho. O jeitinho brasileiro nada mais é do que uma forma velada de corrupção, que torna tão comum e costumeiro o fato de buscar sempre passar a perna nos outros.

Quem nunca furou uma fila que atire a primeira pedra.

Para combater esse mal que assola nosso país desde a sua descoberta, não basta punir os grandes corruptos. Necessário é cada indivíduo olhar para dentro de si e pensar se todos os seus atos são lícitos, ou, no mínimo, não ferem o próximo. Burlar fila da lotérica, oferecer gorjeta para o policial, não dar nota fiscal, não declarar Imposto de Renda, falsificar carteirinha de estudante, dar/aceitar troco errado, roubar TV a cabo, comprar produtos falsificados, no trabalho bater ponto pelo colega, vender o voto nas campanhas eleitorais, e muitas outras atitudes como essas devem, sim, ser classificadas como corrupção.

Antes de reclamar dos políticos, reflita. Eles são o aprimoramento do que vivemos no cotidiano. Apenas muda a escala.

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