O melhor ‘espelho’ para enxergar a nossa necessidade diante de Deus está no reconhecimento do que Ele nos revela acerca de nós mesmos via Mandamentos dEle. Eles revelam – que bendição! – sem erro, o que nos falta e o que é diminuto e fraco em nós. A saber: pouca fé, pouca esperança, diminuto amor a Deus, e que não louvamos e nem honramos a Ele devidamente. Pelo contrário, amamos mais a própria glória e honra; prezamos mais o favor das pessoas; queremos ser o agente da nossa salvação; não gostamos de ouvir que devemos nos arrepender; duvidamos de que precisamos ouvir e crer na pregação que promove a aponta para Jesus Cristo para que sejamos salvos do pecado, da morte, do inferno e de todo o mal; não oramos ao modo da Palavra, de boa vontade. Ninguém pode afirmar, livre de erro e auto-engano, que não é ausente de deficiências e fragilidades. Ademais, a situação se agrava quando cremos que podemos ser o sujeito da nossa bendição. Em verdade, devemos considerar estas ‘falhas’ mais graves que todos os danos físicos que afetam bens, honra e corpo – não que essas não sejam identificadas, também, como terríveis. Contudo, quem se ajuíza e julga à Luz dos Mandamentos, apresenta-se, seriamente, a Deus em oração, lamentando e pedindo ajuda, e, sobretudo, espera por esta com toda a confiança de que será atendido e obterá o auxílio e a graça que lhe são de precisão, via ação do Espírito Santo.
Na Primeira Tábua dos Mandamentos de Deus estão contempladas, prioritariamente a fé e a confiança em Deus acima de todas as coisas. Já na Segunda Tábua, do quarto ao décimo, verificamos, carestia no que tange ao amor ao próximo e o serviço junto a ele; quão desobedientes fomos ou somos em relação à honra a pai e mãe e toda a autoridade; como incorremos, muitas vezes, em ira, ódio, cobiça, e isto em palavras, intenções e olhares; como somos incastos, avaros e injustos, em ação e palavras, contra o nosso próximo. Aliás, se formos e somos sinceros e verdadeiros, sem dúvida alguma, constataremos – e o confessaremos como pecado original – que estamos repletos de toda necessidade e miséria e que temos razão mais que suficiente para chorar até ‘gotas de sangue’, se pudéssemos, em oração. Porém, quem atenta para isso como boa obra? Obviamente, não quem se julga bom, por natureza.
Sabemos, porém, via convívio como as pessoas, muito bem, que há gente descrente e indiferente que não quer pedir a ajuda e nem o favor de Deus em relação ao que expusemos acima. E, não o fazem, não porque não querem ou sejam obstinadas. Algumas não o fazem porque elas se tem por autoras da própria bem-aventurança. Outras não se consideram suficientemente puras, julgando que Deus não ouve quem está em pecado. Contudo, tudo isso é causado por falsos pregadores e mestres que ensinam e doutrinam que o ser humano é bom por natureza e que pode dispensar Deus. O ensino e a doutrina deles estão fundamentados na auto ajuda e na suposta capacidade que nós mesmos dispomos de salvação. Assim seduzem o povo a não orar, por exemplo, a começar pela fé e pela confiança na benevolência de Deus, mas pelas próprias obras. Isto posto, fica a pergunta, quem, objetivamente, ainda considera o exposto como central boa obra com vistas à exaltação de Deus? Graças a Deus, há, notórias, exceções.