1. NÃO ACUMULEIS 

As palavras imaculadas de Jesus Cristo, consoladoramente, afirmam: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e onde ladrões os escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde nem traças nem ferrugem os corroem, e onde ladrões não os escavam nem roubam; porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração” – Mt 6.19-21.

Até aqui, como vimos e meditamos ao longo dos artigos publicados, Jesus Cristo condenou e rejeitou, em primeiro lugar, a falsa fé, ensino, pregação e interpretação dos fariseus acerca dos Dez Mandamentos, passando, assim, a limpo a doutrina soterrada e obscurecida pela autoinventada justiça da lei. Em seguida, Ele contrapôs as obras genuínas às obras falsas e hipócritas deles. E isso para que cressem, vivessem e entendessem corretamente os Dez Mandamentos e praticassem obras de forma autêntica. Agora, nesta perícope, Jesus Cristo, conforme o testemunho mateino, começa a advertir contra as tentações que impedem ensinamento imaculado na cristologia. E Ele se ocupa com esse assunto quase que, exclusivamente, até o capítulo oitavo. Como excelente mestre, Jesus Cristo, o fará de modo magistral, sem nada omitir do que serve para nos preservar na doutrina e vida genuínas.

Em primeiro lugar Jesus Cristo denuncia, condena e rejeita este ilustre grande vício chamado ganância, pois estas são, a bem dizer, as duas piores pragas, sempre presentes quando se ensina o Evangelho e se procura viver de acordo com ele. Primeiro: vem as pessoas que são falsas pregadoras, que corrompem a doutrina que separa corretamente lei e Evangelho; depois, sua excelência, a ganância – uma mentalidade ou postura do ser humano contra Deus e contra a pessoa semelhante. A ganância é uma forma concreta de pecado que oculta a injustiça e a exploração do ser humano pelo ser humano sob uma ‘fachada piedosa’ de boas obras e aparentes boas intenções. Ela se expande ininterruptamente, caso não for condenada e denunciada veementemente mediante a Palavra. Porque ela desenvolve-se a partir da natureza egoísta das pessoas e assume, dentro do contexto econômico, sempre novas formas e estruturas, como se ela fosse um forma de piedade. A lei de Deus, sem rodeios e meneios, denuncia e condena a ganancia presente no coração. Quem a confessa e deixa alcança perdão e graça. O inverso também é verdade. Mas, quem o crê, sem procrastinar?

Se verifica ao longo da história eclesiástica como pessoas que ouvem e vivem o Evangelho de modo autoinventado se tornaram muito mais mesquinhas do que antes. Elas, com ganância e avareza, começaram a acumular e invejar a pessoa próxima, sem misericórdia e temor de Deus, com se elas fossem morrer de fome. Sim, pessoas que antes andavam na cegueira de sua fé e vida autojustificadas, como se estivessem empedernidas, dando ouvidos à pregação dos seus sonhos, contribuiram com ‘fartos’ donativos à igreja e não enxergavam nem se queixavam sobre o que se-lhes era tirado em nome de um suposto evangelho de Cristo, que contudo, não foi e nem era o Evangelho de Jesus Cristo de verdade. Sim, com certeza, faz pensar o que o ser humano com fé e vida autoinventadas já foi capaz de fazer na política financeira, salarial, de preços, formação de monopólios e comércio exterior.

Fica a pergunta: quem consegue, de modo insofismável, relacionar todos os malefícios – e pecados – da ganância e da avareza, em igreja e sociedade? Converte-nos, SENHOR!

 

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com