Jesus Cristo, que nos notifica ao arrependimento e à fé, disse de modo claro, objetivo, direto: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e onde ladrões os escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde nem traças nem ferrugem os corroem, e onde ladrões não os escavam nem roubam; porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração” – Mt 6.19-21.
Servir junto à palavra de Deus, com zelo, é nosso dever, caso nos consideramos e confessamos pessoas cristãs. No entanto, é necessário estar consciente de que logo que se abre os olhos do povo seduzido pelo ‘fermento fariseu’ e ele enxerga como devem viver e fazer boas obras autênticas, disputa cada centavo e são de uma ganância tal, como se cada qual quisesse apoderar-se, sozinho, dos bens do mundo inteiro. Pessoalmente, eu não consigo explicar a origem desse fenômeno. Creio, porém, que deve ser pura praga do enfadonho diabo que sempre introduz ao lado da luz do Evangelho esse vício infame, a fim de atrapalhá-lo.
Por meio do Evangelho o Espírito Santo nos dá o consolo de que não só viveremos lá, eternamente com Cristo e toda gente crente batizada salva, mas também, teremos o nosso sustento e alimento aqui, conforme consta no SI 8.4ss. Cristo é rei e SENHOR sobre todo o mundo, tendo em Suas mãos ovelhas, e bois e todos os animais sobre a terra e, de maneira alguma, há de nos deixar morrer de fome. Embora saibamos, como cristólogos/as, disso em nosso coração e espírito piedoso, nós próprios, também, por natureza, essa é a verdade, estamos atolados/as mais fundo ainda na ganância e na preocupação pelo sustento material do que antes do que conhecíamos a Cristo como nosso único e suficiente SENHOR e Salvador. Nós, à luz da nossa razão e inteligência, sempre temos carência e parece que as coisas vão se desvanecendo e somos incapazes de ceder para a glória de Deus a décima parte daquilo que antes despejávamos na goela do diabo, mediante certeza da fé infestada de autojustificação.
Cristo já mostrou isso antes, em muitas outras passagens, para nossa exortação e consolo que edifica: é preciso resistir à ganância. Por exemplo, quando enviou os Seus apóstolos para pregar, Sua maior preocupação e advertência foram que eles se guardassem destas duas coisas: falsa doutrina e ganância! – Cf. Mt 10.10; Lc 9.3. Ele ordenando-lhes, severamente, que não levassem provisões para a caminhada, etc., nem se preocupassem com o que haveriam de comer e beber; de modo que, como disse, esses são, para ser honesto em igreja e sociedade, os dois piores aspectos que corrompem, profundamente, a cristandade: espiritualmente, a fé por meio da falsa doutrina; e, fisicamente, os frutos por meio da ganância. Por isso, uma vez dadivados/as com a fé verdadeira e a vida [na fé cristológica], torna-se necessário, impreterivelmente, pregar e advertir que as pessoas se cuidem e permaneçam nelas, e não se deixem desviar delas pela falsa interpretação farisaica da Escritura; e, depois, que se previnam contra a ganância, para que ela, sorrateira, não nos pegue desprevenidos/as, de maneira que apostemos nas coisas temporais que, aqui, temos o suficiente, como se isso bastasse no que tange à vida, morrer e ressuscitar bem-aventurado.
Por fim, esteja consciente de que a ganância é um mal perigoso que gruda na gente, que também sabe apresentar-se com muito refinamento e em atraentes ideias, ludibriando, inclusive, a pessoa cristã, de modo que ninguém está seguro dela – esta é a verdade.
