1. QUANDO JEJUARDES…

“Quando jejuardes, não façais caras azedas como os hipócritas. Pois desfiguram seu rosto, para que apareçam perante o povo com seu jejum. Em verdade vos digo: eles têm sua recompensa. Mas quando jejuares, unge tua cabeça com óleo e lava teu rosto, para que não apareças perante as pessoas com teu jejum, mas unicamente perante teu Pai, que está oculto. E teu Pai que vê no oculto to recompensará publicamente”. Mateus 6.16-18.

Assim com Jesus Cristo condenou e rejeitou a falsa fé e vida em relação à esmola e oração dos fariseus, Ele, de igual modo, procede aqui, em relação ao jejum. Porque essas são as três obras principais que encerram todas as demais. A primeira: fazer toda sorte de boas obras em favor das pessoas próximas, sem se tornar um juiz delas. A segunda: preocupar-se com toda sorte de problemas, tanto comuns quanto próprios, e levá-los a Deus em oração, por fé. E, a terceira: disciplinar o corpo. No entanto, assim como abusaram, sem Palavra de Deus, da esmola e da oração, procurando nelas glória, o perverteram. Não o praticaram para disciplinar e dominar o corpo nem para louvar a Deus e dar-Lhe graças, e, sim, para serem vistos pelas pessoas e para terem um nome, de sorte que a gente próxima deveria admirar-se e dizer: “oh, que santos extraordinários! Eles não vivem como outra gente comum. Andam por aí em túnicas cinzentas, de cabeça pendida, de rosto amargurado e pálido, etc. Se essas pessoas não entrarem no céu por meio de sua fé, teologia, culto, piedade, onde ficaremos nós outros/as?”

Jesus Cristo não quer ter condenado, desprezado, rejeitado o jejum em si, tampouco como rejeita a esmola e a oração. Pelo contrário, Ele os confirma e ensina como usá-los corretamente, pela fé em conformidade com a Palavra, perante Ele. Do mesmo modo, também, quer corrigir novamente o jejum, para que seja usado corretamente e na verdadeira compreensão, como deve acontecer com toda boa obra, em proveito da pessoa próxima.

Entre os judeus, povo de Deus da Antiga Aliança, o jejum tem sua origem na prescrição que Moisés lhes havia feito: que eles deveriam jejuar por aproximadamente catorze dias seguidos na festa da expiação pelos pecados – Êx 23.27. Esse era o jejum geral que toda eles observavam ao mesmo tempo. Além deste, os fariseus tinham seus jejuns ‘especiais’, a fim de fazerem algo a mais e serem considerados mais santos que as outras pessoas do seu próprio povo. Pois aquele jejum não servia para que com ele pudessem ostentar-se parente as pessoas, porque era observado por todo povo, e do que é comum ninguém pode gloriar-se especialmente. Por isso autoinstituem e observar muitos jejuns ególatras, para que fossem considerados como muito mais elevados santos e espirituais do que a gente comum. Por isso também se gloriam contra Cristo no Evangelho – Mt 9.14 –: por que os discípulos dos fariseus observam tantos jejuns, e Teus discípulos não jejuam, etc? Adicionalmente, eles se distinguiam com gestos e sinais pelos quais se podia reconhecer, com facilidade, quando jejuavam. Eles desfiguravam o rosto, não se lavavam nem se arrumavam, faziam caras azedas e sombrias e o faziam com tal seriedade, que o povo teve que falar e ‘cantar’ a respeito, etc. Triste.

Agora vem Cristo, derruba por terra esse jejum auto-justificado e ensina justamente o contrário, dizendo: se quiseres jejuar, jejua sem fazer cara azeda, mas lava o teu rosto e passa uma ‘creme’ nele, para que tenha um aspecto bem humorado e alegre como num dia de festa, de modo que não se veja diferença entre teu jejum e teu festejo. Pois era costume dos judeus, contemporâneos de Jesus Cristo, aspergirem o corpo com perfumes e derramarem óleo sobre a cabeça, de modo que todo o corpo exalava um cheiro bom quando festejavam ou queriam divertir-se. Jesus condena e rejeita, notificando à fé, a autoinovação no jejum dos fariseus.

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com