Jesus Cristo disse: “Por isso, quem ouve esse meu discurso e o pratica, a esse eu comparo a um homem sábio, que construiu sua casa sobre uma rocha. Quando caiu um aguaceiro e veio uma enchente, os ventos sopraram e se lançaram sobre a casa, ela não desmoronou, pois estava fundamentada sobre uma rocha. E quem ouve este meu discurso e não o pratica, esse é igual a um homem tolo, que construiu sua casa sobre a areia. Quando caiu um aguaceiro e veio uma enchente, e os ventos se lançaram contra a casa, ela desmoronou, e virou uma grande ruína” – Mt 7.24-27.
Esta é a conclusão e o final dos quais tudo depende. Quem ouve a pregação de Jesus Cristo não apenas com os ouvidos, mas também a pratica, este é um homem sábio e inteligente, não segundo a justiça das obras e da lei, mas segundo Deus que justifica, por graça dEle, mediante a fé, que é dom e dádiva do Espírito Santo. Ora, a doutrina de Cristo é boa e preciosa, mas não foi pregada para ser meramente ouvida, e, sim, para ser praticada e aplicada à vida. Em especial porque somos constantemente ameaçados por falsos profetas e milagreiros, é preciso refletir sobre doutrina e advertência de Cristo. E aceitá-las enquanto temos oportunidade de ouvi-las, pois se quisermos esperar até que chegue a horinha e nos sobrevenha a morte e o diabo com seu aguaceiro e temporal, é tarde demais. Por isso não cabe apenas ouvir e conhecer a doutrina e a advertência de Cristo, e, sim, praticá-las e lutar com base nela contra a fé, teologia, culto, piedade para as quais Jesus Cristo não é importante. Também gente que dizia “Senhor, Senhor”, na época de Jesus, O ouvia. Mas como gente de fé, ensino, confissão, que quando muito, orava, cantava e entoava cânticos, meramente para alindar o ‘culto’. Mas, o problema, no doutrinar de Jesus Cristo, é que ninguém praticou e nem pregou corretamente a Ele, e, sim, permaneceu em seu falso culto e em seus falsos sinais, e assim fortaleceram nas outras pessoas o pecar sem que ninguém lhes exorte e nem muito menos notifique ao arrependimento e à fé. Por isso, embora tivessem ouvido muito e também feito sinais, não fizeram a vontade de Deus: crer em Cristo, em conformidade com a Escritura.
Jesus Cristo exorta que permaneçamos na doutrina e nas verdadeiras boas obras dEle, tomando o cuidado no sentido de que não se recaia para boas obras meritórias. E nem sejamos gente de culto, temor, piedade autoescolhidas, entre as quais não se encontra uma única obra legítima. Pois quem tenta se autojustificar, ano vem ano passa, também faz boas obras, mas procura nelas somente seus próprios interesses, sendo, portanto, totalmente sem fé, amor, paciência segundo Cristo. Por isso não fazem absolutamente nada do que Ele diz, embora ouçam a reta doutrina. O seu coração é pura areia. Não obstante, elas têm, como já foi explicado, muito o que fazer e a ensinar, inclusive, mais do que os verdadeiros pregadores e cristãos, com o que igualmente enganavam o povo. Pois pessoas de fé, teologia, culto, piedade autoescolhidas, como foi também o caso com os contemporâneos de Jesus Cristo, impressionam muito mais com sua rigorosa vida espiritual austera e com seu procedimento do que com Paulo ou verdadeiros pregadores e cristãos. Pois a aparência exterior das obras e cultos autoescolhidos enchem os olhos, de modo que, em comparação, a vida comum de um cristão desaparece. Por isso, não lhes falta o que fazer, ensinar e crer, mas a diferença é justamente essa, diz Cristo: ouvem perfeitamente a minha doutrina, mas praticar não a querem, exceto o que eles mesmos excogitaram. Não consigo mantê-los na linha para que pratiquem o que lhes ensino. Se, nós cristãos, fossemos tão abnegados em nossas obras como as pessoas para as quais Cristo não é importante são nas delas, todos nós seríamos santos. O problema é ser preguiçoso e negligente no que promove a Cristo. Porque verdadeira boa obra é crer e pregar corretamente a Jesus Cristo, sem procrastinar, onde quer que estivermos.