Jesus Cristo pregou doutrinando / doutrinando pregou, conforme lemos em Mt 6.34: “Por isso, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã providenciará o que for necessário. Basta que cada dia tenha sua própria desgraça.” Ou, conforme uma outra tradução, que nos é, certamente, mais familiar: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.”
O pensamento de Cristo é este: não conseguirás o que é de precisão via preocupação, ou não o poderás preservar e usufruir por muito tempo. Leia como muita gente que tinha os ‘cofres’ abarrotados de milhões e que não se importavam com alguns reais, mas que, mais tarde, teriam ficado contentes se pudessem ter encontrado certa quantidade em centavos.
Ora, vendo que o antropocêntrico nada produz e que sua preocupação de nada adianta, por que não desistimos dessas coisas e, ao invés, não pensamos em como ganhar o reino de Deus? Ele quer ser generoso para consigo / conosco, porém, não por causa de sua / nossa preocupação, embora tivesse / tivéssemos que trabalhar. Pois a preocupação nada frutifica e nada produz. A preocupação que produz alguma coisa é a que faz parte de seu ofício e do reino de Deus, que exige que você cumpra o que lhe foi ordenado, que pregue e promova a Palavra de Deus, sirva ao próximo conforme sua vocação e aceite o que Deus lhe dá hoje. Pois os melhores bens não são aqueles que nós planejamos, e, sim, os que nos são concedidos e dados de graça. E os que conquistamos ou tentamos preservar com nossas preocupações provavelmente são os primeiros que desmoronam e se arruínam, como acontece muitas vezes com a gente avarenta e usurária. Por pura preocupação, muitas vezes, seus ‘cereais e estoques’ se arruínam. É uma grande graça de Deus que o crescimento dos cereais no campo não depende de nossos cuidados; ele o dá enquanto estamos deitados e dormimos. Do contrário, nós mesmos o arruinaríamos com nossas preocupações e nada receberíamos.
Por isso Cristo diz agora: por que haveria de preocupar-se com algo mais do que com o dia de hoje e onerar-se com as dificuldades de dois dias? Restrinja-se ao que o dia de hoje lhe impõe, o dia de amanhã lhe trará outras preocupações. Pois Ele chama de desgraça e praga o fato de sermos obrigados a ganhar o pão com o suor de nosso rosto e a suportar todos os demais sofrimentos que nos sobrevêm todos os dias, acidentes e perigos, como quando algo é roubado ou se sofre qualquer outro prejuízo, ou se você cai doente ou sua família, etc., como acontece nessa vida, com frequência. Diariamente nós temos que presenciar estas desgraças e contar com elas. De fé em fé, como cristólogo/a, suporta sofrimentos, misérias e desgraças e aceita-os com alegria. Por outro lado, deixa as coisas por isso. Pois com eles você tem o suficiente para carregar. Deixe a preocupação, com a qual você apenas aumenta a desgraça e a torna mais pesada do que ela já é por si mesma. Observa, por fé, nesse exemplo: Deus jamais tornou alguém rico por suas preocupações. Muita gente há, cá e lá, que se preocupa, ao extremo e, não obstante, nada têm. O que Ele faz é o seguinte: se vê alguém que exerce seu ofício com diligência e fidelidade e se preocupa em fazê-lo para o agrado de Deus, deixando com Ele a preocupação com o sucesso, a este Ele concede com abundância. Pois está escrito em Provérbios 10.4: “Uma mão diligente enriquece”. Pois Ele também não quer gente que não se preocupa com nada e também não trabalha, mesmo podendo. Elas querem ficar sentadas aí esperando que Deus lhes faça voar ‘um ganso assado para dentro da boca’. Pelo contrário, Ele ordena que ‘ataquemos’ nosso trabalho e profissão honestamente e, então, Ele quer estar presente com Sua bênção e dar o suficiente. Que isto baste sobre esse sermão, consolador.
