Casos de violência contra a mulher e maus tratos com crianças e adolescentes são mais comuns do que imaginamos. Aquela família aparentemente feliz pode conter muita sujeira escondida embaixo do tapete. É muito difícil para as vítimas denunciarem seus agressores, talvez por medo, talvez por dependência emocional ou financeira e também por acharem que a culpa das agressões seja da própria vítima.
É um grande problema ‘quebrar o ciclo’ da violência. É um passo muito difícil que deve ser tomado pela pessoa que sofre, mas também deve ter um apoio muito grande dos órgãos responsáveis por investigar, coibir e punir o agressor, mas também proteger a vítima de agressão.
Um caso levantado esta semana na cidade nos colocou a pensar. A vítima era abusada e agredida desde a infância até a adolescência. Denunciou o agressor no Conselho Tutelar, na Polícia e onde mais podia. O fato só veio tomar proporção com a divulgação de um vídeo enaltecendo a família onde a menina, menor de idade, acabou comentando sobre o caso de abuso e agressão.
Segundo a denúncia da menina, o agressor, agregado à progenitora da vítima, a molestava. A vítima contou da sua luta por justiça e o vídeo foi retirado das redes, pois a agredia também psicologicamente.
O que torna mais intrigante este fato é que a vítima denunciou e buscou os meios para que a justiça tomasse providências e, pelo que consta em seu comentário publicado nas redes sociais, nada foi feito contra o dito cujo.
Aí levantamos a questão: De que adianta a existência de leis maravilhosas apenas no papel, se quando é necessária a ação do Estado, a coisa fica por isso mesmo? Como se sente uma vítima de agressão ao ver que sua denúncia foi menosprezada, mostrando a ela que sua vida tem pouco ou nenhum valor para os órgãos competentes?
É comum no nosso país a existência de legislação prá tudo. O problema é que a criação das leis é usada apenas como plataforma política, não gerando em grande parte resultados reais e benéficos para a população.
Fico pensando no desespero desta vítima ao saber que o seu agressor foi enaltecido como um bom homem de família, ao invés de pagar pelos crimes cometidos.
É triste, é o Brasil.
