Jesus Cristo disse: “Tudo, pois que quereis que as pessoas vos façam, fazei-o vós também a elas. Essa é a lei e os profetas” – Mt 7.12.
Aqueles que gostariam de proceder correta e cristãmente e que temem a Deus, preocupando-se em como viver e proceder, saibam que não devem nem podem lidar com seus bens e usá-los a seu bel-prazer, como se eles mesmos fossem senhores de tudo, e, sim, têm o dever de agir com justiça e conforme lhes é ordenado. Para isso há direitos e deveres. É assim, como Cristo diz, que cada um gostaria de ser tratado por seu próximo. Por isso deve dar o mesmo trato a seu próximo, recebendo e oferecendo somente o que é bom. Esse é seu mandamento sério e não quer que ele seja transformado em liberdade ou arbítrio, como se pudéssemos obedecer-lhe ou desobedecer-lhe sem cometer pecado. E Ele o manterá de pé por mais que o mundo o considere um insulto e o despreze. Se não o observares, Cristo procederá contigo conforme teu próprio direito e juízo. E acontecerá que também em tua casa e na propriedade não terás bênção naquilo que conseguiste em desobediência a esse ensinamento, e, sim, toda sorte de praga e sofrimento com teus filhos. Cristo quer que Seu mandamento seja observado, apesar de tudo, do contrário, não terás bens nem prosperidade.
Além disso, Cristo não apenas o evidenciou, como já escrevi, a tal ponto que nós o temos que ver em tudo que está diante de nossos olhos, mas também, colocou-o de tal maneira diante de nós que temos que enrubescer de vergonha de nós mesmos. Pois não há ninguém que queira cometer um ato mau sob o olhar de outros, e ninguém ousa pecar tão descaradamente perante as pessoas como o faz em secreto, quando ninguém o vê. Assim, pois, Cristo quer colocar a nós mesmos como testemunhas e fazer com que nós mesmos nos intimidemos, para que, caso cometermos alguma injustiça, logo a consciência nos acuse com esse mandamento e se apresente como eterna testemunha, dizendo: vê o que estás fazendo.
Na descrença em relação à lei áurea de Cristo, em todas as áreas de negócios e de profissões, haverá quem vai, sem quaisquer escrúpulos, logrando e enganando as pessoas onde puder, não obstante, não quer, com razão, ser chamado de ladrão e patife, enquanto o faz às ocultas e com jeito. Mas se todas as pessoas ladras tivessem que devolver o que roubaram e pilharam em seu negócio ou em sua profissão, poucos ficariam com algo que, de fato, foi ganho com justiça, verdade, honestidade. Não obstante, ainda que tenham consciência que lhes acusa, via Palavra e fé, seguem em frente como se fosse gente piedosa, porque em relação a algumas não se ousa criticar e denunciá-las publicamente, mesmo assim consideram-se isentas de pecado. Se olharem em volta, com criteriologia clara, ao modo das palavras de Cristo, em todos os cantos da casa e da propriedade estão cheias de coisas roubadas e, por Deus, não têm sequer um ou dois reais na casa da pessoa, autoindulgente com o pecado, que não seja roubado. Todavia, tudo isto, no entender dela, não deve ser chamado de ladroagem. Sim, se fosse apenas ladroagem, e não também assassinato, pois também com mercadorias, alimentos, bebidas de má qualidade e arruinados, com razão, se enfraquecem as pessoas e se lhes provoca enfermidades, etc., não lhes roubando apenas o dinheiro e, sim, também, a saúde. No passado, muitas pessoas, às vezes, comiam e bebiam e depois adoeciam, e muitas morrem. Meu caro, acaso isto não é a mesma coisa que arrombar a casa ou cofre, ou ferir a pessoa mortalmente? Só que, ao juízo da carne e do carne, não leva esse nome. É mais um exemplo tosco, para ilustrar, por favor, o quanto, se precisa rebuscar a lei áurea.