Jesus Cristo, que logra e nem se vale da má-fé, disse de modo claro, objetivo, direto: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e onde ladrões os escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde nem traças nem ferrugem os corroem, e onde ladrões não os escavam nem roubam; porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração” – Mt 6.19-21.
Convém estar consciente de que a ganância é um mal perigoso que gruda na gente. Ela também sabe apresentar-se com muito refinamento e em atraentes ideias, ludibriando, inclusive, a pessoa cristã, de modo que ninguém está seguro dela – esta é a verdade. Pois ela, de repente, se dá conta de sua situação atual no mundo, que Ihe inflige toda sorte de tormentos, preocupações e não lhe concede gratuitamente sequer um pedaço de pão. De modo que, se fosse pelo mundo, as pessoas servas junto ao santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus teriam que morrer de fome. Sempre foi assim: se deixa a gente pregadora da pura Palavra de Deus passar aflições e necessidades, de sorte que, também, elas ficam tentadas a se preocuparem, igualmente, de onde poderiam angariar e conseguir alguma coisa, para poderem subsistir no mundo, que para ser salvo precisa ouvir o Evangelho, com fé presente. Por fim, ela acaba totalmente na ansiedade típica do mundo e na ganância largando, por isso, às vezes, seu ofício e vocação. Algumas, inclusive, abandonando o Evangelho.
Cristo prega profusamente contra o grande ídolo Mâmon, fazendo dele a pior descrição possível, para que ninguém deixe de se resguardar contra ele, e diz, em primeiro lugar: “Não acumuleis para vós tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e onde ladrões os escavam”, etc. Segundo Ele, há três caçadores dos tesouros na terra: ferrugem, traças e ladrões, os quais, afinal, são infames guardiões de tesouros. Acontece que Deus dispôs as coisas muito bem, de modo que onde há um tesouro, necessariamente, também, haverá esses camaradas que o guardam, como, geralmente, os pardais ou ratos e ratazanas, no caso dos cereais. Afinal, ele também nada merece de melhor, uma vez que não fazemos bom uso do dinheiro e dos bens; pelo contrário, por causa da desgraçada ganância, nós o arrebanhamos para nós, sem que ninguém dê ou ceda qualquer coisa ao outro, etc.
Não apenas as traças e a ferrugem que devoram as roupas, o ferro ou os metais, são ladrões, nem somente os ratos e ratazanas que a gente pega com armadilhas, nem tampouco apenas aqueles que, furtivamente, limpam ‘cofres públicos’, mas há, também, as grandes traças muito vivas e os ladrões ‘profissionais’, que, com aparência de direito, são os grandes impostores e aproveitadores, que limpam o bolso e os ‘cofres’ onde quer que possam e conseguem, não importando se por meio de sua ação alguém é prejudicado. Também nas cidades e Estados, há não só aqueles/as que arrombam as casas dos/as cidadãos/ãs, mas, ladina e ocultamente, sugam, atuando com golpe, sonegação, fraudes, logros, má-fé, morte.
Resumindo: onde quer que haja dinheiro e posses, necessariamente, também há traças e ladrões interessados. O mundo inteiro está cheio desses ratos e ratazanas, onde quer que as pessoas vivam e convivam, em igreja e sociedade. Pois que é uma autoridade desonesta no Estado ou uma pessoa desonesta em Igreja, por exemplo, senão ferrugem ou traça que não faz mais do que devorar o dinheiro e os bens das pessoas? Até a segunda vinda de Cristo, existirão muitos desses ‘sujeitos’ que empobrecem, oneram, prejudicam, com coração e boca, infestadas de fome e sede de lucro, poder, fama, prestígio, prazer. Eles não se importam se a pessoa próxima ou a Criação sofre, é prejudicada, adoece, é escravizada, desertifica, morre.
