Cristo disse: “Não julgueis, para não serdes julgados. Pois com o mesmo juízo com que julgais, sereis julgados, e com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos” – Mt 7.1s.
Toda pessoa cristã tem o dever de advertir e prevenir, se vê que a pessoa próxima faz algo errado, ajuizado em conformidade com a Palavra, que promove e aponta para Cristo. Isto não pode ser feito sem juízo e julgamento. Isso tudo, porém, ainda é feito por cargo de um ofício e por ordem, contra o que Cristo nada diz, como já dissemos suficientes vezes, nos artigos que estamos repartindo aqui. O que se proíbe é que cada qual vá baseado nas ideias de sua própria cabeça, e invente sua própria doutrina e sua própria espiritualidade, imaginando que é Mestre Sabichão, querendo ensinar e criticar todo mundo, quando isto não lhe foi ordenado e nem pode ser justificado em conformidade com a Palavra. É a gente autofeita juíza que o SENHOR Cristo acusa aqui, pois não quer que se faça ou empreenda algo sem ordem, segundo suas próprias presunções, especialmente, no que diz respeito a julgar outros/as.
É da fé e vida autoincumbidas que julga em questões de doutrina, um dos maiores, mais escandalosos e prejudiciais vícios sobre a terra, do qual surgiram todos os espíritos sectários, e até agora nas mais diversas fés, teologias, cultos, piedades autoinventadas e tudo que existiu na religião aparentemente cristã estavam metidos no autoinventado caminho a Deus Pai, onde cada qual jactava sua causa como a melhor e condenava outros/as. Disto, porém, não precisamos falar agora, basta ler acerca na própria Bíblia e na história eclesiástica. A outra forma de condenar e julgar acontece na esfera da vida, quando um censura e condena a vida e o trabalho do/a outro/a e se desagrada de tudo que o/a outro/a faz responsavelmente em cumprimento do seu estado, ofício, vocação. Este, sim, é um vício comum difundido, à beça, sob a mais refinada teologia que muito brilha na aparência mas tem um coração péssimo. Ora, assim como nos foi ordenado sermos unânimes, com o mesmo pensamento, na mesma compreensão ou fé cristólogica, caso, de fato, queremos ser reconhecidos pelo próprio Deus no dia final, assim, também, devemos ter a mesma mentalidade cristocêntrica e ser de um só coração na vida exterior, embora esta não pudesse ser uniforme para todos/as, como a fé que justifica e salva. Pois, visto que há diferentes estados, assim também as tarefas têm que ser dessemelhantes e variadas. Pois nessa vida, fora do Paraíso, que já é muito variada em si, também se encontram variadas fraquezas, como, por exemplo, algumas cabeças esquisitas, esquentadas e impacientes, como não pode ser diferente na cristandade, porque nosso velho Adão ainda não está morto e a carne luta constantemente contra o Espírito – Veja: Gl 5.17.
Se precisa da virtude que se chama tolerância e remissão dos pecados, que um carregue o outro, seja condescendente e perdoe, conforme ensina Paulo em Rm 15.1: “Nós, que somos fortes, devemos carregar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos”. E a mesma coisa Cristo diz aqui: “Não julgueis”, etc., o que significa que os/as que têm dons mais elevados e melhores na cristandade como aliás é preciso que alguns os tenham, especialmente os pregadores não devem assumir um ar de superioridade, nem considerar-se melhores que aqueles/as que não os têm, para que na esfera espiritual ninguém se coloque acima do outro. Exteriormente deve haver uma diferença, uma pessoa investida de autoridade estará acima e ocupará uma posição melhor do que uma pessoa súdita, o pregador haverá de ser mais instruído do que um simples artesão; aí um patrão não pode ser empregado, e uma patroa não pode ser empregada, etc. Não obstante, porém, os corações devem ser unânimes dentro destas diferenças e não devem importar-se com esta dessemelhança. [Segue]